Redação SI 23/07/2004 – 06h35 – O preço do suíno pago ao produtor em Santa Catarina atingiu seu recorde histórico. O quilo básico pago aos criadores do oeste catarinense – a maior região produtora do Estado – bateu em R$ 2,10 para o produtor integrado à indústria nesta semana, e chegou a R$ 2,50 nas vendas realizadas pelos produtores independentes. De acordo com dados da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), baseados em apurações da Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), valor acima ou equivalente a US$ 0,70 não era registrado desde 1998.
A Coopercentral Aurora, uma das maiores compradoras de suínos do Estado, elevou na última segunda-feira o preço em 2,4%, em seu segundo reajuste desde o início do mês. O preço de R$ 2,10 o quilo, mais a porcentagem sobre a tipificação de carcaça, chega a gerar um ganho ao produtor de, em média, R$ 2,28. O presidente da Aurora, José Zeferino Pedrozo, diz que este é um movimento de ajuste do mercado por conta da redução da oferta de suínos neste ano.
Segundo o Instituto Cepa, vinculado à Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, os abates de suínos no Estado somaram 658,5 mil cabeças em junho, ante 662,9 mil cabeças registradas em maio. No semestre, a produção ficou em 3,8 milhões de cabeças, uma redução de 5,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Para o presidente da Associação Catarinense de Produtores de Suínos, Wolmir de Souza, este é o melhor momento vivido pelo produtor catarinense nos últimos anos. Ele acredita que a tendência de alta vai continuar até o fim do inverno, período em que tradicionalmente o consumo de carnes suína no Brasil aumenta. “Antes era a indústria que estava fazendo os preços. Agora, são os criadores”, comenta.
Segundo Souza, a preocupação dos atuais produtores catarinenses é com a concorrência que o bom preço pode gerar nos próximos meses. “O mercado de porcos ficou tão bom que passaram a roubar animais na região”, afirma Souza. Na última semana, 372 porcos foram furtados de uma propriedade no município de Itá. Um prejuízo estimado em R$ 100 mil.
O produtor Euclécio Luiz Pelizza, de Xavantina, diz que esse é “o preço que o produtor merecia” depois de anos de crise. Segundo ele, os bons valores praticados no mercado o levaram a buscar mais propriedades integradas a sua produção, aumentando o volume mensal de abate de 4 mil suínos para 8 mil de 2003 para este ano. Hoje são 45 propriedades vinculadas, ante 20 em 2003. Pelizza, que fornece suínos principalmente aos mercados paulista e do Rio de Janeiro, explica que as vendas praticamente dobraram nos últimos dois meses. Nesta semana, ele fechou uma grande cota para um dos mais famosos frigoríficos do país. “O mercado interno está com um consumo maior e as exportações estão ajudando”, comenta. Vale lembrar que em volume os embarques brasileiros caíram 4,77% no primeiro semestre, para 223.612 toneladas, mas em valor eles cresceram 27% e atingiram US$ 303,9 milhões.
Segundo o analista de mercado do Instituto Cepa, Jurandi Machado, os preços ao produtor do oeste catarinense começaram a tendência de alta em maio e de lá para cá a média tem sido de 6% de aumento ao mês. “O reajuste tem sido quase toda semana”, observa ele.
Atualmente, há 12 mil produtores de suínos em Santa Catarina, conforme a ACCS. Santa Catarina é um dos maiores Estados produtores e exportadores de carne suína do país. No primeiro semestre deste ano, a exportação estadual subiu 105%, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc). No total, os embarques renderam US$ 128,3 milhões (incluindo carcaças e miudezas), ante US$ 62,5 milhões até junho de 2003.