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Embargo frustra planos de suinocultor

<p>Segundo o presidente da ABCS, Rubens Valentini, os preços atuais do animal vivo, de R$ 1,50 o quilo, não pagam o custo de produção, calculado para Santa Catarina em R$ 1,80.</p>

Redação SI (17/05/07) –  Preços ao produtor ficam abaixo do custo pelo aumento da oferta ao mercado interno. Os produtores de suínos estão vivendo uma nova crise, assim como em 2002, quando muitos saíram do mercado. Em reunião nessa quarta-feira (16-05) com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o setor obteve a garantia da intervenção governamental.

"Temos consciência de que o problema é estrutural. Mas é preciso fazer alguma coisa", diz. O executivo afirmou que o ministro teria garantido a aprovação da Linha de Crédito Especial (LEC) para a indústria armazenar o produto, de crédito para a retenção de matrizes e Empréstimos do Governo Federal (EGFs). "O instrumento imediato, a intervenção direta pela compra governamental, infelizmente não pode ocorrer", diz. Isto porque os suínos não fazem parte da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).

Para o pesquisador Thiago Bernardino de Carvalho, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), a crise de hoje é reflexo de um erro de estratégia no ano passado. "O setor esperava que o embargo da Rússia, principal compradora da carne suína brasileira, caísse. O que não ocorreu", diz. Os russos autorizaram apenas o embarque do Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor nacional. Aliado a isso, o consumo interno não cresce. "Ou seja, há um excesso de oferta", conclui Carvalho. De acordo com levantamento do Cepea/USP, desde o início do ano as cotações dos suínos caíram 20%.

Segundo o pesquisador, em 2002 o setor viveu uma crise pelo alto custo de produção, ocasião em que muitos produtores saíram do mercado, se desfazendo de matrizes. Desde então, o alojamento foi decrescente. Eram 1,59 milhão de fêmeas em 2002, chegando a 1,3 milhão em 2004. No ano passado foi a primeira vez que o alojamento voltou a crescer, atingindo 1,51 milhão de matrizes – mesmo assim, 4,9% inferior a 2002.

Para o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, a situação atual é um reflexo de uma conjunção de fatores: as exportações ainda menores quede 2005, a taxa de câmbio e a demanda interna estável. "A exportação baliza o preço interno", diz. Para o analista, a solução passa pelo fim do embargo à Santa Catarina, maior produtor nacional de suínos; o setor encontrar outro grande comprador no mercado externo e haver formação de estoques.