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Estiagem castiga produção

<p>No Rio Grande do Sul, seca já reduz alojamento de frangos e suínos.</p>

Da Redação 02/03/2005 – A estiagem que afeta o Rio Grande do Sul há mais de três meses já está provocando danos também na produção de aves e suínos – além das perdas nas lavouras. Cerca de 15% das granjas de frangos pararam de alojar pintos devido à seca. Os animais estão sendo repassados a outras unidades. O mesmo está acontecendo com os suínos. Além da falta de água, os produtores sofrem também com a alta dos insumos. Na última semana, o preço do milho subiu 8,4% no estado, chegando a R$ 19,50 a saca – o mais caro do País, devido à quebra de 50% da safra.

“O produtor vai ter de comprar milho de outros estados”, diz Gilberto Moacir da Silva, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul. Segundo estimativa da Cogo Consultoria, o estado vai precisar comprar 2 milhões de toneladas do grão para atender à demanda de suinocultores e avicultores.

Silva diz que, na região norte do estado, algumas granjas não estão recebendo leitões para terminação, levando os animais para propriedades onde ainda existe água. “São dificuldades pontuais”, diz Rogério Kerb, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Produtoras de Suínos (Sips). De acordo com ele, alguns produtores estão antecipando a entrega dos animais, que podem chegar às indústrias com peso menor, devido à falta de água.

Sérgio de Zem, pesquisador do Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada (Cepea), diz que o calor excessivo pode diminuir o rendimento dos animais. “Especula-se que as empresas estejam recebendo animais com peso menor”, afirma Zem. Mas, para ele, o problema maior é a alimentação, que ficou mais cara. Segundo o pesquisador, cerca de 60% da alimentação é baseada em soja e milho.

“Já estamos comprando milho mais caro”, afirma Aristides Vogt, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). De acordo com Carlos Cogo, da Cogo Consultoria, desde o início do ano o preço do milho subiu 14% no estado. “Além da quebra, a estiagem não está permitindo o plantio da safrinha”, afirma. Com isso, ele acredita em impacto no custo de produção de frangos e suínos. “A estiagem, que também atinge parte do Paraná e Santa Catarina, está se refletindo também nos preços internacionais do milho, que subiram 8,9% em fevereiro na Bolsa de Chicago”, diz Cogo.

Segundo Vogt a produção de frangos ainda não caiu porque os avicultores estão rearranjando os animais para outras granjas. “A tendência é de diminuição do alojamento”, afirma Vogt. De acordo com o presidente da Asgav, a região mais atingida é o norte do estado, que concentra 70% da produção de frangos de corte.

Vogt que, para resolver o problema criado pela estiagem, o setor está reivindicando do governo leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), para a compra de grão de outros estados, e de estoques governamentais. Com isso, o milho chegaria a preços inferiores que o praticado no Rio Grande do Sul. Quanto à falta de água, a solução encontrada tem sido a perfuração de poços artesianos e o transporte de água, pelos governos estadual e municipais.