Redação (25/08/06)- A expectativa de bom negócios na pecuária de corte e de leite deve dar o tom do início da Expointer 2006, principal evento do agronegócio gaúcho, que será aberto às 9h da manhã deste sábado e vai até o dia 03 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. A perspectiva dos produtores é de que a comercialização de animais supere os R$ 6,27 milhões registrados no ano passado.
“O momento é de recuperação da pecuária, temos no Estado o melhor preço do continente (R$ 2,00 pelo quilo do gordo), o que deve aquecer as vendas na feira”, prevê o presidente da comissão de feiras e exposições da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Alceu Schardong. O otimismo é compartilhado pelo presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), José Roberto Pires Weber. Ele projeta um crescimento entre 5% e 10% no volume de negócios com animais.
Para o governador Germano Rigotto, a 29 edição da mostra deve superar a crise que vive o setor agropecuário no Rio Grande do Sul. “Depois da estiagem que afetou o Estado em 2005, não tenho dúvida de que o evento deste ano será de recuperação e resultados melhores que os da última edição”, afirmou.
Em 2005, a feira movimentou um total de R$ 150,52 milhões, sendo R$ 6,27 milhões na comercialização de animais, R$ 135 milhões em vendas de máquinas e R$ 9,25 milhões com outros produtos.
Para este ano, a mostra teve um total de 6.307 animais inscritos, número é 6% superior ao de 2005.
O crescimento contrariou a expectativa de que a proibição da entrada de animais de outros estados poderia diminuir o número de animais no Parque Assis Brasil. Desde novembro do ano passado, o governo do Rio Grande do Sul não permite o ingresso em território gaúcho de animais em pé vindos de outros Estados. A medida foi tomada depois da ocorrência de focos de febre aftosa no Paraná e no Mato Grosso do Sul.
Ontem a movimentação no parque ainda era intensa na montagem dos estandes e na finalização das principais obras de melhoramento da infra-estrutura do parque: a ampliação do estacionamento do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers) e a do novo estacionamento da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). Juntas as duas áreas devem acrescentar mais 2,1 mil vagas ao complexo, que já contava com 2,4 mil lugares para automóveis.
O coordenador-geral da feira, Flávio Vaz Netto, acredita que as obras devem ser concluídas ainda hoje. “A obra do Simers está bem adiantada”, avalia.
O período do desembarque de animais no parque termina na meia-noite desta sexta-feira. Até as 19h de ontem, 3.245 animais já tinham chegado no local, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).
Obras do parque custaram R$ 3 milhões
Após receber investimentos de cerca de R$ 3 milhões, a Expointer teve duplicado o número de vagas no estacionamento, remodeladas as arquibancadas para as provas do Freio de Ouro, melhorada a infra-estrutura de prédios, com reforma de telhados dos pavilhões, além de reformas nos sanitários. Além disso, a infovia Procempa promete conectar a Expointer ao mundo, através da tecnologia wireless e da ampliação da rede de fibra ótica instalada no parque. “Trata-se de uma grande e importante mudança nas comunicações”, declara o diretor presidente da Procempa, André Kulczynski.
Conforme o diretor-geral da Secretaria de Obras e Saneamento e coordenador do evento, Flávio Vaz Netto, o parque recebeu investimentos de R$ 1,2 milhão por parte do governo do Estado, R$ 760 mil do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), R$ 250 mil da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC) e R$ 1 milhão da Procempa.
“O Estado foi responsável por 10 obras, entre elas, a reforma dos telhados dos pavilhões do gado de corte e leite, no restaurante internacional, urbanização de três quarteirões, reposição da rede elétrica, já que no ano passado tivemos grande parte dos fios roubados, e pintura das esferas de entrada do parque, que são a marca registrada da Expointer”, diz Netto.
Ele ressalta ainda a importância da ampliação da rede de fibra ótica, pois neste ano o parque estará “quase completo, o que permite melhorar as condições de internet”.
Netto comemora o aumento de 6% no número de animais inscritos, em relação à mostra do ano passado, mesmo com a proibição da entrada de animais de outros estados na Expointer. “Além disso, teremos participações importantes neste ano, como o Canadá, que tem interesse em verificar nosso nível de desenvolvimento genético”.
Sobre as expectativas em relação à feira, Netto diz estar confiante na possibilidade de incremento nos negócios. “Acredito que, apesar da crise na agricultura, teremos um bom volume no gado de corte e de leite, principalmente em função do bom momento atravessado pela pecuária. E acrescenta: “Esperamos que a Expointer confirme sua trilha de evolução permanente, a qual verificamos em edições anteriores, com um número excelente de público, que esperamos ultrapassar neste ano os 650 mil visitantes”.
Desde 2003, já foram aplicados cerca de R$ 10 milhões no complexo onde ocorre a Expointer. “O parque, de uma fisionomia precária, foi transformado, com os recursos provenientes de patrocinadores, eventos e da arrecadação com publicidade e das bilheterias, em um ambiente cuidado, moderno e em condições de receber expositores, trabalhadores e público visitante”, afirma Vaz Netto.
Conforme o presidente da ABCCC, Paulo Moglia, a associação investiu na construção de 86 baias para melhor acomodar os animais e viabilizar a realização dos leilões. “É mais uma acomodação que se fazia necessária evitando o aluguel de baias”, afirma Moglia. Também no rol de melhorias, o presidente aponta a construção da Casa dos Jurados e uma nova estrutura de camarotes. As novidades, segundo ele, incluem a colocação das arquibancadas cobertas na pista do Freio de Ouro, além da ampliação da área de estacionamento. “Estamos construindo um estacionamento próprio para os envolvidos com o cavalo Crioulo, com entrada exclusiva. Vai facilitar, porque será possível sair direto na pista do cavalo Crioulo”, explica o presidente.
A ampliação dos estacionamentos também foi uma das preocupações do Simers, cujos investimentos se destinaram prioritariamente para as obras que possibilitaram o aumento do número de vagas. “Passamos de 1,4 mil vagas para 2,6 mil vagas no estacionamento, localizado nas imediações do portão 13. Com isso, resolvemos um problema crônico e histórico de falta de espaço”, explica o presidente do Simers, Cláudio Bier. Segundo ele, o local poderá ser acessado tanto por expositores como pelo público que visita a feira.
O sindicato investiu ainda na recuperação dos sanitários e em melhorias em termos de segurança e limpeza do parque. No que diz respeito às expectativas em relação à Expointer, Bier é taxativo: “O setor passa por um momento muito difícil, portanto as expectativas não são boas. Se conseguirmos faturar parecido com o que obtivemos em 2005, já estarei satisfeito”.
Conforme o diretor do Parque Assis Brasil, Paulo Demoliner, entre as obras é preciso destacar ainda a instalação de 22 novas baias para eqüinos, além da reforma da Pista P1, que foi aterrada e reforçada. “Nos últimos dias trabalhávamos 24 horas, mas valeu a pena”. Ele acrescenta ainda que neste ano não será necessária a instalação de baias extras para os ovinos, como ocorreu em 2005. “A quantidade de bovinos diminuiu, então as cabanhas que trouxeram ovinos ocuparam parte das baias que ficaram ociosas”.