O governador Raimundo Colombo, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, e o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, assinaram a ordem de serviço para a elaboração do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) e o projeto básico de engenharia do Corredor Ferroviário de Santa Catarina, mais conhecido como Ferrovia do Frango. O evento foi realizado na manhã da última quarta-feira, 15, no Centro de Cultura e Eventos de Chapecó, no Oeste do Estado.
“É um grande momento para o Estado. A construção da ferrovia vai garantir o desenvolvimento, tornar a logística mais eficiente, reduzir o custo da produção e aumentar competitividade. Também irá permitir mais proteção ao produtor e viabilizar seu trabalho. É um transporte econômico e seguro. É a integração e ampliação do desenvolvimento econômico de Santa Catarina”, disse Colombo.
O vencedor da licitação é o Consórcio Prosul/Setepla/Urbaniza/Hansa, e o investimento será de R$ 46,5 milhões. O estudo e o projeto básico devem ser entregues em 22 meses (sendo 10 meses para conclusão da pesquisa e o restante para o projeto). A Ferrovia do Frango é um empreendimento com 862km que deve atravessar o Estado de Santa Catarina. Um traçado prévio iria interligar o município de Dionísio Cerqueira, no Extremo-Oeste, com o Porto de Itajaí, no Litoral. Porém, só com o final dos estudos será possível ter informações sobre a viabilidade e sobre o trajeto ideal.
Há disputa entre a região central do Estado e o Planalto Norte. Autoridades políticas da região defendem que o melhor traçado seria utilizar a inoperante Ferrovia do Contestado, que passa por Porto União, Irineópolis, Canoinhas e Mafra.
A ferrovia facilitará o escoamento da produção para outros estados brasileiros e para a zona portuária. “Serão quilômetros de ferrovias que vão dinamizar ainda mais a economia desse Estado”, destacou a ministra Miriam.
O ministro dos Transportes salientou que o objetivo é fazer com que o modal ferroviário seja uma realidade na economia brasileira. “Essa região é um grande centro agroindustrial do Brasil. Precisamos valorizar e dar todo apoio para que continue no ritmo de desenvolvimento, melhorando as condições de acesso aos mercados nacional e internacional, contribuindo ainda mais para o aumento da produção.”
Participaram do ato a ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, e diversas autoridades estaduais e locais.
Redução de custos
O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, informou que estudos de 2011 da Fiesc mostraram que mais de 10 mil caminhões passam por dia pela BR-282, sendo que cada veículo leva uma carga de cerca de 30 toneladas. Ainda segundo ele, um dos principais entraves do desenvolvimento do Estado está relacionado com a deficiência na infraestrutura. Santa Catarina já teve mais de 1,3 mil quilômetros de ferrovias. Hoje, no entanto, utiliza cerca de 350 quilômetros e apenas 5% das cargas são transportadas por trem.
“Nós temos poucos quilômetros de ferrovia. Precisamos melhorar nossa economia. Para ter uma ideia dos gastos com transporte, a saca de milho custa em torno de R$ 12 e chega em Santa Catarina por R$ 24. É o dobro”, diz Côrte.
O presidente da Coopercentral Aurora, Mario Lanznaster, explicou que mais de 2,5 milhões de toneladas de milho são trazidas por ano, geralmente do Mato Grosso para Santa Catarina, o que gera muitos custos de frete e prejudica a competitividade. “Por dia, a Aurora, por exemplo, precisa de 106 carretas de milho, já que a cooperativa tem 30 milhões de aves no campo e 1 milhão de suínos. Se viesse por ferrovia seria muito mais barato. A construção dessa ferrovia é um passo decisivo para o desenvolvimento.”