Redação AI 30/09/2002 – Da estrada, largos galpões se destacam nas terras de uma região conhecida pela tradicional produção de frangos, nas granjas e nas pequenas fazendas onde a linhagem caipira dos animais predomina. Apesar da crise econômica, a avicultura ajuda a sustentar o Centro-Oeste de Minas Gerais, concentrada em Pará de Minas, uma cidade de 73 mil habitantes e receita mensal de R$ 1,6 milhão. A atividade mantém a principal conta da arrecadação de impostos estaduais e é fonte de empregos em diferentes localidades da zona rural. Mas como boa parte do setor privado no Brasil, para crescer, esbarra no crédito caro e na falta de previsões confiáveis sobre os rumos da economia.
Tomar a decisão de investir, entretanto, não tem sido fácil, afirma Osvaldo Araújo, um dos mais experientes empresários do setor em Pará de Minas, que viu a avicultura nascer, se desenvolver e expulsar pequenos produtores. Precisávamos ter crescido mais para nos defendermos na concorrência com as grandes empresas, diz o empresário, dono da Granja Azul e Branco. A indústria de Araújo abate 43 mil aves por dia, criadas nos galpões da companhia e no chamado sistema de integração. Nesse processo, o abatedouro fornece a ração, os pintinhos e assistência técnica aos fazendeiros, responsáveis pela criação dos animais.
Cerca de 5 mil pessoas estão, hoje, envolvidas na criação e abate de frangos na região de Pará de Minas, avalia Araújo. O consumo de frangos por habitante dobrou no Brasil nos últimos dez anos, alcançando 31 quilos. Nesse período, grandes companhias e cooperativas, sobretudo do Sul do País, ganharam nacos importantes, com investimentos em aumento da produtividade e redução do custo de produção.
As despesas com o milho e a soja usados na ração das aves foram decisivas para afastar as chances dos pequenos produtores de competir e, agora, preocupam de novo o setor , diz Marília Marta Ferreira, superintendente da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig). Como as exportações de soja cresceram na escalada do dólar e os produtores de milho migram para a soja em busca de remuneração em dólares, a indústria do frango fica sujeita ao aumento de seus custos, com a queda da oferta no Brasil.
No escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) em Pará de Minas, o gerente José Duarte Filho traçou uma espécie de perfil da produção no município. Os 72 produtores respondem pela criação de 24,1 milhões de frangos por ano. O consumo total de milho alcança 70,5 milhões de quilos por ano. As grandes empresas do setor pagam R$ 0,55 por quilo, enquanto as fazendas de pequeno porte têm de pagar R$ 0,70 por saco de 50 quilos de farelo de soja.