Em 2016, celebram-se 10 anos da energização do primeiro empreendimento eólico de maior porte do Brasil, que foi o parque de Osório. E, passado esse tempo todo, a fonte renovável ainda tem muito espaço para crescer. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, atualmente, são cerca de 10 mil MW de potência instalada a partir da geração do vento (mais que suficiente para atender a dois estados como o Rio Grande do Sul) no País, e a expectativa é que esse patamar chegue a aproximadamente 25 mil MW, em 2025.
O secretário adjunto de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, Moacir Carlos Bertol, acrescenta que esse tipo de geração também é um destaque entre os gaúchos. Em 2015, a fonte eólica era a segunda mais representativa dentro da matriz elétrica estadual, com 9,5% de participação, superada apenas pela hídrica, com 72,1%. Bertol esteve ontem no Rio Grande do Sul participando do lançamento do Centro de Visitação e Difusão da Informação, realizado no complexo eólico de Osório.
Com o espaço, o grupo espanhol Elecnor, responsável pelo parque, pretende divulgar dados sobre a operação de uma usina eólica, tecnologia, meio ambiente etc. A estrutura eólica do Litoral Norte era, no começo, dividida em três unidades (chamadas de Osório, Sangradouro e Índios) e somava 150 MW, resultado de 75 aerogeradores. O sócio-diretor da Brain Energy Energias Renováveis Telmo Magadan, que participou da concepção do empreendimento, destaca que a iniciativa serviu de modelo para o setor. Atualmente, a Elecnor conta com 173 turbinas eólicas distribuídas em Osório (148) e Palmares do Sul (25), todas controladas a partir do Centro Integrado de Operações e Controle de Osório, totalizando 375 MW.
Apesar do êxito no passado, no caso particular do Rio Grande do Sul, um dos atuais obstáculos para a expansão da geração eólica é a limitação quanto à capacidade do sistema de transmissão para escoar energia. O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico, Luiz Eduardo Barata, adianta que a participação de novos projetos eólicos gaúchos em leilões de energia (que viabilizam a comercialização da eletricidade) dependerá de obras a serem concluídas pela Eletrosul. Em 2014, a estatal federal arrematou o lote A do leilão de transmissão de energia, que compreendia sete novas subestações e outras 14 ampliações, além de mais 18 linhas, atingindo R$ 3,2 bilhões em investimentos. A empresa, que não conseguiu atender ao que estava contratado, está negociando uma parceria com a Shanghai Electric para finalizar as ações.
O diretor do ONS acredita que, em 30 ou 60 dias, tenha-se uma visão mais clara sobre se será possível contar com o sistema de transmissão para fluir energia de novos empreendimentos a partir do Estado. Barata calcula que é preciso ter essa certeza pelo menos dois meses antes da realização do próximo leilão de geração promovido pelo governo federal. A perspectiva é que, depois do certame de dezembro (que não terá a participação de projetos no Rio Grande do Sul), a próxima disputa ocorra no primeiro semestre de 2017.
O secretário estadual de Minas e Energia, Lucas Redecker, destaca que o governo do Estado acompanhará de perto a questão e tentará auxiliar no que for possível a aceleração do processo, e não aceitará mais atrasos no prazo das obras da Eletrosul. O dirigente estima que mais de 3 mil MW de usinas eólicas, já com licenças ambientais, estariam aptos a participar hoje de um leilão. Após cerca de dois anos à frente da Secretaria de Minas e Energia, entre o Natal e o início de janeiro, Redecker voltará a assumir o cargo de deputado estadual (movimento que já havia sido acertado desde o início da gestão do governador José Ivo Sartori). Até o momento, não há um nome definido para substituí-lo na pasta.