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Agroenergia

Gigante do setor sucroalcooleiro

Paranaense Santa Terezinha chega ao time das maiores usinas do País. Grupo incorporou outra unidade e deve moer 18 milhões de ton. de cana.

Sem muito alarde, o grupo Santa Terezinha vem incorporando usinas no Paraná e já se fortalece entre os maiores grupos sucroalcooleiros do País. A empresa, com sede em Maringá (PR), arrendou e iniciou processo de aquisição dos ativos da usina Usaciga, pertencentes à Agrocana Participações Ltda, e entrará a safra 2010/11 com capacidade instalada para 18 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

No ciclo passado o grupo moeu 14,2 milhões de toneladas, e com o salto a empresa tomará a frente de outras grandes empresas do setor, como a São Martinho, que deve moer no próximo ciclo 14 milhões de toneladas de cana, e a Açúcar Guarani, que deve manter os mesmos patamares do ciclo atual (13 milhões de toneladas). O grupo paranaense fica atrás apenas das gigantes Cosan, agora em processo de associação com a Shell e que soma capacidade de moagem de 60 milhões de toneladas, da LDC-SEV – associação da francesa Louis Dreyfus com a Santelisa Vale – e da Bunge que, com a aquisição dos ativos do grupo Moema e das outras acionistas deve moer ceca de 20 milhões de toneladas na próxima temporada.

No ciclo 2010/11, o grupo Santa Terezinha se manterá ainda à frente de outras companhias como ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht, mesmo com a união com a Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco), que juntos neste ano devem somar processamento próximo de 15 milhões de toneladas.

Paulo Meneguetti, diretor do grupo paranaense, explica que os ativos da Usaciga foram arrendados somente no fim do ano passado e, portanto, praticamente não entraram na capacidade da safra 2009/10. Na temporada anterior, já estava incorporada somente a usina Coocarol (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores de Cana), de Rondon (PR), que foi arrendada em 2008 pelo grupo, que também na mesma época iniciou os trâmites para aquisição do ativo. “Mas, por ser cooperativa, a compra tem que passar por trâmites diferenciados, o que está tornando o processo moroso. Por isso, não temos uma previsão de quando conseguiremos concluir essa compra”, afirma Meneguetti.

Já a aquisição dos ativos da usina Usaciga depende da conclusão de renegociação com os credores da empresa, que pertence à CEB. “Essa operação será finalizada neste semestre”. Meneguetti afirma não ter ainda os valores a serem pagos pelos dois ativos. Mas, quando questionado sobre uma referência de valor no Paraná, Meneguetti acredita que o mercado esteja usando como parâmetro valor próximo de US$ 70 por tonelada de capacidade instalada. Mas quem compra quer sempre um preço menor e quem vende, maior”.

Assim, no ciclo passado, o grupo Santa Terezinha somava uma capacidade de 15,7 milhões de toneladas e só conseguiu moer 14,2 milhões por causa do excesso de chuvas no Estado. Para o próximo ciclo, que iniciará no final de março, o grupo tem uma estimativa inicial de moer 16,7 milhões de toneladas e, se o clima permitir, avançar para o patamar de 17,5 milhões de toneladas.

A empresa, que vai passar a moer 40% de toda a cana processada no Paraná – que responde por 8,3% da moagem do Centro-Sul- , tem como estratégia crescer na região Noroeste do Estado, onde já dispõem de infraestrutura logística, potencializada pela malha ferroviária da América Latina Logística (ALL). O Valor apurou que o grupo está negociando os ativos da usina Paraná, localizada em Mato Grosso do Sul e que foi adquirida no “pacote” juntamente com a Usaciga (PR). Trata-se de um projeto greenfield para moagem de 3,5 milhões de toneladas de cana e que já estaria 50% construído, segundo fontes.

Com as duas incorporações, a empresa soma oito unidades de produção de açúcar e álcool e ainda tem mais um projeto greenfield que não saiu ainda do papel por conta da crise. Trata-se de uma unidade que será construída na cidade de Santo Antônio do Caiuá (PR), com capacidade para moer 2 milhões de toneladas de cana. “Mas ainda não temos previsão de iniciar esse projeto. Aguardamos o melhor momento”, diz.

Um dos mais tradicionais no Estado, o grupo Santa Terezinha, implantou a primeira usina na década de 60, em Maringá. Nos anos 80, a empresa reativou três destilarias no Noroeste paranaense e em meados de 1995, o grupo iniciou projeto para modernizar e ampliar o parque industrial existentes.

A última informação financeira disponível do grupo é de 2008, quando a receita líquida atingiu R$ 964 milhões. Maior consolidador do Estado, o grupo Santa Terezinha também possui participação majoritária em dois terminais portuários – um de açúcar, a Pasa (Paraná Operações Portuárias), e outro de álcool, o Álcool do Paraná Terminal Portuário SA, e também é acionista de uma das maiores tradings nacionais, a CPA Trading.

Segundo a associação que representa as usinas do Paraná (Alcoopar), na atual safra, as 30 usinas do Estado processaram 44 milhões de toneladas, ante a previsão inicial de moer 48 milhões.