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Agroindústrias

Glencore é a nova parceira da Agrenco

<p>Agrenco firma parceria externa com Glencore para tentar retomar suas atividades.</p>

Quase um ano depois de anunciar que negociava a venda de seu controle, a Agrenco enfim fechou acerto com um parceiro externo para tentar retomar suas atividades. A multinacional de origem suíça Glencore, especializada na comercialização de commodities agrícolas e não-agrícolas, foi aprovada ontem na assembleia de credores para assumir o posto de operador estratégico da Agrenco.

Com a aprovação, não apenas a Agrenco prepara-se para uma guinada em suas atividades de originação, produção e exportação de grãos, mas também a Glencore. A empresa suíça retomará suas operações no mercado de grãos no Brasil pela primeira vez desde 1997, quando vendeu esse seu segmento de atividade para a ADM.

No posto de operador estratégico, a Glencore ficará responsável pelas atividades operacionais da Agrenco – e por essa atividade será remunerada. A múlti suíça não será, portanto, proprietária da Agrenco – que, na divisão das tarefas, ficará a cargo das atividades administrativas -, mas terá prioridade na aquisição das operações da Agrenco em uma eventual futura negociação.

A expectativa com o anúncio manteve-se elevada ao longo dos últimos 11 meses. Em junho de 2008, a Agrenco informou que o grupo francês Louis Dreyfus Commodities (LDC) tinha temporária exclusividade para adquirir seu controle. Poucos dias antes, diretores da Agrenco haviam sido presos na Operação Influenza, da Polícia federal, sob acusações que iam de lavagem de dinheiro a remessa ilegal ao exterior.

A exclusividade da LDC nas negociações não foi mantida, o que abriu espaço para o Noble Group, de Hong Cong, e para a própria Glencore, os dois primeiros a manifestar publicamente interesse pelos ativos da problemática processadora de grãos. A venda da Agrenco, contudo, estava condicionada ao fato de a empresa não estar em recuperação judicial.

Ao ser deferido, em setembro de 2008, o pedido de recuperação judicial inviabilizou a venda, mas abriu espaço para o estudo da alternativa de arrendamento das operações. Essa possibilidade ganhou corpo no último trimestre do ano, durante o espocar da crise econômica. Não houve consenso sobre valores. A busca por um operador estratégico, posto que será ocupado pela Glencore, então tomou as atenções da Agrenco.

O Valor não conseguiu contato com o presidente da Agrenco, Marco Antonio de Modesti. Na Glencore, a informação disponível era de que a companhia não concede entrevistas à imprensa.

Em 2008, a Glencore ensaiou seu retorno ao mercado de grãos no Brasil ao negociar a compra da paranaense Sperafico, mas as negociações emperraram. A múlti suíça faturou US$ 152,2 bilhões no mundo em 2008, montante 6,9% superior ao do ano anterior.

Ontem, os credores da Agrenco aprovaram também a venda da unidade de produção de biodiesel localizada em Marialva (PR) para a gaúcha BSBios. Os recursos obtidos com a venda fazem parte da programação de investimentos da Agrenco para sua retomada. A empresa tem outras duas unidades de processamento de grãos, em Alto Araguaia (MT) e Caarapó (MS), ambas ainda não totalmente concluídas.

Sob a espera pelo acordo, as ações da Agrenco subiram 60% em maio e 300% no ano, para R$ 0,88. Ontem, fecharam sem variação.