Redação AI (22/03/06)- Apesar do temor causado pela gripe aviária, o consumidor tem mais um motivo para consumir frango: o preço está mais barato. O quilo do produto pode ser achado em diversos estabelecimentos de Goiânia com preços entre R$ 0,95 e R$ 1,99. Com esses valores é mais vantajoso comprar o produto para consumir em casa do que comer um espetinho, que custa entre R$ 1,75 e R$ 3 nos bares.
A redução no preço, que começou no dia 20 de fevereiro e se acentuou na metade deste mês, é atribuída à diminuição das exportações, especialmente para a Europa, que é o segundo com-prador brasileiro, e Oriente Médio. Os países dessas regiões deixaram de comprar o frango brasileiro por causa do temor de infecção pela gripe aviária pelo consumo de carne.
Com isso o preço no mercado interno caiu, o que beneficiou os consumidores. Para se ter uma idéia da sobra de produtos no mercado interno, nos supermercados de Goiânia é possível encontrar frangos com embalagens em línguas árabes e orientais. A administradora Renata Borges, 25, e a estudante Thálita Barros, 19, acreditam que a queda no preço do frango vai incentivar o consumo, mesmo com a gripe aviária.
Elas se dizem preocupadas com a gripe aviária fora do Brasil, mas não se assustam e ainda consomem frango. O mesmo ocorre com a técnica em enfermagem Maria Izabel de Amorim, 50, que acredita no trabalho de prevenção feito pelos governos estadual e federal. Ela afirma ainda que basta preparar o frango corretamente para evitar a doença. Se tiver o cuidado de lavar, fritar ou cozinhar direito, não há nenhuma doença, afirma. O advogado Hugo César de Araújo, 48, e a dona de casa Selma Maria de Lima, 38, também estão tranqüilos em relação à gripe aviária. Para eles, o problema é específico dos países asiáticos, o que não traz perigo ao Brasil. O nível de preço também agrada o casal, que acredita no aumento do consumo.
Apesar do otimismo das consumidoras, os avicultores estão preocupados. De acordo com o presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), Uacir Bernardes, o excesso de frango no mercado inviabiliza a produção. Para se ter uma idéia, o custo médio de produção por frango é de R$ 1,35 e a entidade afirma que o preço ideal de venda é de R$ 2,00.
Para segurar o impacto da queda de preços, os produtores definiram redução de 30%, para adequar a oferta à demanda. Atualmente, as granjas conseguiram queda de 18%. Apesar da medida prever aumento no preço, Hugo César acha justo, já que a produção tem que ser viável. Ele só espera que a elevação não seja exagerada.
Associação acredita em maior consumo
Uacir Bernardes, presidente da Associação Goiana de Avicultura(AGA), acredita que a redução vai apenas estabilizar os preços de produção e consumo do frango. Ele diz ainda que o brasileiro tem consumido mais frango, o que torna o mercado promissor. A associação informa que no ano passado o consumo médio de carne de frango foi de 35 quilos por habitante.
A estimativa é que neste ano o consumo passe para 37 quilos. Até agora foram consumidos 191,03 toneladas. Esses resultados só poderão ser mantidos com as medidas de prevenção. Uacir afirma que com os programas de sanidade avícola realizados no Brasil e a possibilidade de isolamento do vírus na Europa, o risco de se pegar a gripe aviária no Brasil é zero.
Para evitar a entrada da doença no Brasil, o presidente da AGA cita como exemplos o monitoramento de aves migratórias e a checagem da saúde das aves, que devem ser sacrificadas e incineradas caso elas sejam infectadas pelo vírus H5N1, responsável pela propagação da gripe.
Saiba mais
O preço do frango chegou a custar R$ 1,00 o quilo no início do Plano Real, em 1994, no governo Itamar Franco, quando o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, criou o plano econômico para controlar a inflação.
Para isso foi criada a Unidade Real de Valor (URV) e ficou definido que ela equivaleria a um dólar. A partir daí, a moeda chegou a ser mais valorizada que o dólar, possibilitando ao país aumentar importações e segurar a subida de preços, o que ajudou a comprar mais, tanto à vista como a prazo, já que as prestações não subiam de forma assustadora como nos outros planos econômicos.