Redação (21/03/07) – O Sindicato Nacional dos Coletores e Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal (Sincobesp) realiza nesta quinta e sexta-feiras, dias 22 e 23 de março, no Hotel Blue Tree Convention Ibirapuera (Avenida Ibirapuera, 2.927 – Moema),
O público-alvo são empresários, profissionais, técnicos e compradores do mercado global de graxarias. O evento tem o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Suínos e Aves) e as inscrições para participar do workshop devem ser feitas com Josy, da DGV Solução em Eventos (fones: 11 3256-9173 e 3237-2860) e as reservas de stands da Fenagra, com Daniel Geraldes (fone: 11 3549-3361), e-mail: [email protected]
Com a participação de empresas nacionais e visitantes de países da América Latina e Europa, o evento é direcionado a toda cadeia produtiva do setor de graxarias, fabricantes de máquinas e equipamentos, fornecedores de produtos e matérias-primas, tecnologia e serviços.
A abertura do evento, dia 22, contará com a presença do chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Elsio Antonio Pereira de Figueiredo, representando o presidente da Embrapa, Silvio Crestana. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) será representado pelo coordenador geral de Inspeção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária, Jessy Antunes Guimarães e o assistente técnico da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Alexander Magalhães Goulart Dornelles.
O VI Workshop de Graxarias reunirá também palestrantes renomados como o pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves da Embrapa, Claudio Bellaver; o administrador de empresas e supervisor de suplementos da empresa Grandfood, Marcos Roberto de Oliveira; o gerente executivo do Banco do Brasil, Rogério Pio Teixeira; o doutor
Para o presidente do Sincobesp, Gustavo Razzo Neto, o evento é de fundamental importância para todas as cadeias produtivas que se abastecem com os subprodutos da graxaria. “Hoje sofremos pressão de todos os órgãos governamentais com o processo de industrialização dos resíduos e precisamos buscar juntos soluções para os problemas do setor”, alerta. Segundo Razzo Neto, é preciso uma maior sinergia entre os ministérios da Agricultura, Desenvolvimento e Relações Exteriores e órgãos como a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb) para que se “faça cumprir a legislação com flexibilização e adequação das reais condições financeiras e técnicas das agroindústrias”.
“Agregar valor e melhorar os resultados na produção de farinhas e óleos de origem animal diante de um mercado que sofre pressões constantes para investir nas áreas ambiental, sanitária e mercadológicas, é outro grande desafio do evento”, finaliza o presidente do Sincobesp.
Temas a serem discutidos no workshop:
Dia 22
Novas Ferramentas para Financiar o Setor Agroindustrial: Linhas de Crédito para Financiamento, com o gerente executivo do Banco do Brasil, Rogério Pio Teixeira. Assunto: Conquistar linhas de crédito subsidiadas com juros viáveis, para que as empresas possam atender as exigências estabelecidas nas portarias 15 e 29 do Ministério da Agricultura. As normas visam disciplinar a produção e uso de proteínas animais na alimentação de ruminantes e antecipam a necessidade de programas de Análise de Risco e Pontos Críticos de Controle (ARPCC), para fiscalizar a produção e o comércio de alimentos para animais, além de modificações e adequações em edificações e equipamentos. Horário: das 14h45 às 15h30.
Metodologia para Produção de Biodiesel a partir de Gorduras Animais: Vantagens e Desvantagens, com o engenheiro químico da Biopetro I.C. Biodiesel Ltda, doutor Linemaier Duarte. Horário: 16 horas às 16h45.
Dia 23
Atualização Sobre Conceitos e Propostas para a Indústria de Farinhas e Gorduras Animais, com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), doutor Claudio Bellaver. Temas a serem tratados: incineração dos subprodutos de origem animal; biogás; biodiesel; compostagem; polímeros plásticos e estratégias futuras para a cadeia produtiva de graxarias. Horário: 9 horas às 9h45.
MBM – Fat Market on a International Perspective, com o consultor do National Renderers, doutor Sérgio Nates. Horário: 9h45 às 10h30.
Graxaria ou Fábrica de Farinhas? Como as empresas petfood enxergam seus fornecedores de matéria prima de origem animal”, com o supervisor de Suprimentos da Grandfood Indústria e Comércio Ltda, Marcos Roberto de Oliveira. Temas a serem discutidos: como uma graxaria pode tornar-se uma fábrica de farinhas; o mercado petfood; características dos produtos petfood e a importância das farinhas de vísceras para o mercado petfood. Horário: 11h15 às 12 horas.
Aspectos de saúde e meio ambiente na gestão de resíduos de origem animal, com o doutor Eduardo Antonio Licco. Assunto: A apresentação foca em analisar os problemas que os resíduos de origem animal, a partir do ponto de vista da saúde pública, causam e os impactos ambientais decorrentes da destinação desses resíduos, via reciclagem em graxarias, são contrapostos aos benefícios da atividade, analisada à luz dos dados de estudo realizado com unidades recicladoras de resíduos animais do Estado de São Paulo entre 2005 e 2006. Horário: 14 horas às 14h45.
Conflitos de fiscalização e adequação da IN 15 – Participação de representantes dos órgãos públicos como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Cetesb (o convite foi feito ao diretor de Controle de Poluição Ambiental, doutor Otavio Okano), além de iniciativa privada e diretores técnicos das entidades do setor. Horário: 14h45 às 16h45.
Fenagra
A 2a. edição da Feira Nacional de Graxarias (Fenagra) reunirá representantes do setor que abastecem as indústrias de higiene, limpeza, cosmética, farmacêutica, alimentícia, biodiesel e fabricantes de máquinas, equipamentos, matérias-primas, tecnologia e prestação de serviços. Os visitantes terão a oportunidade de atualizarem-se sobre as melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos provenientes dos subproduto de origem animal em novos segmentos industriais e terão acesso à novas oportunidades de negócios. Entre as empresas confirmadas estão: Anhembi, Braido, Fast, Beta Automação, Gratt, Hollbras, Intecnia, LDS Máquinas, Marco Botteon, Máquinas Tigre, MultiAgua, Nutract, Procar, Pronuta do Brasil, Razzo, Spirax Sarco, Thor e Tremesa.
A importância das graxarias
As graxarias são empresas que coletam os ossos, gorduras, resíduos do abate de bovinos, aves, suínos e outros animais de consumo, processam e transformam em farinhas de carnes e ossos, de sangue, de penas, que são utilizadas para fabricação de rações para cães, gatos, peixes, aves e suínos. Além disso, aproveitam o sebo que serve como matéria-prima para fabricação de sabão, biocombustível para fabricação do biodiesel, bem como combustível para gerar vapor na queima em caldeiras e os ácidos orgânicos, aplicados em diversos segmentos. O ácido graxo é um dos componentes do emulsificante asfáltico e síntese de borracha; a glicerina atende a indústria alimentícia (chocolates e sorvetes), cosmética (sabões líquidos e solventes, tintas, fabricação de resinas); ácido oléico é usado nos chicletes e gomas de mascar, na indústria farmacêutica, na formulação das cápsulas dos medicamentos e o ácido esteárico, na produção de cosméticos, como cremes e sabonetes e na indústria plástica, com os tubos de PVC.
O Setor em números
O setor de graxarias vive a pior crise já enfrentada nos últimos 30 anos. Primeiro porque o consumo por parte dos grandes exportadores vem diminuindo, devido a casos recentes de vaca louca e gripe aviária e segundo por causa das exigências do Mapa para cumprir as instruções normativas 15 e 29 de adequação aos padrões internacionais. Os empresários foram obrigados a dispor de investimentos vultosos em um curto período de tempo para adaptação de seu parque industrial, sem terem condições financeiras para atender a tais requisitos.
A cadeia desempenha um papel fundamental para diminuir o impacto ambiental em todas as cidades do País. No Brasil há uma produção de carnes superior a 16 milhões de toneladas/ano, onde aproximadamente sete toneladas são de bovinos, seis de aves e três de suínos. Cerca de 55% de perda nos abates foram os resíduos não comestíveis, ou aproximadamente 4 milhões de toneladas em produtos recicláveis (farinhas de ossos e gordura animal), representando cerca de R$ 2 bilhões por ano.
A destinação correta dos resíduos são de suma importância para a manutenção dos padrões de saúde pública e sustentabilidade da Agricultura, uma vez que ao não reciclar estes restos, podem gerar um problema maior se forem despejados em aterros sanitários, hoje insuficientes para atender a demanda das cidades. Bactérias iriam proliferar-se e servir como vetores de doenças, além de contaminar os aqüíferos e liberar fumaça, metano, dióxido de carbono e gases na atmosfera.
As graxarias que recolhem os subprodutos (ossos, penas, pêlos, carnes, sangue, chifres, etc…), gerados em abatedouros, avícolas, açougues e demais unidades processadoras de alimentos de origem animal, reprocessam o material coletado, destinado para vários fins como produção de insumos e rações, produtos de limpeza e higiene, além de atender os setores farmacêutico, cosmético, alimentício, oleoquímico, entre outros.
Por todos esses fatores, a agroindústria de beneficiamento dos resíduos do abate é importante dentro da cadeia de carnes e fundamental na reciclagem, já que agrega valor aos resíduos. Essa organização indireta empresarial, no tocante ao gerenciamento de resíduos, reduz o consumo de recursos naturais, de energia, economiza espaço em aterros, oferta empregos de mão-de-obra mais carente e previne a poluição das águas, do solo e do ar.