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Gripe A (H1N1) compromete imagem da suinocultura

<p>A incidência da Influenza A (H1N1) ao redor do mundo comprometeu a imagem da carne suína.</p>

A incidência da Influenza A (H1N1) ao redor do mundo comprometeu a imagem da carne suína, especialmente pelo fato de o nome do produto ter sido equivocadamente associado à nova gripe. No Brasil, estima-se que a gripe A reduziu em 20% o consumo desta proteína, abalando o bom desempenho pelo qual passava este mercado. Em 2008, o consumo interno de carne suína registrou aumento de 100 mil toneladas e consumo per capita de 13,44 kg/ano.

De acordo com o médico veterinário e gerente técnico da Merial Saúde Animal, Edson Luiz Bordin, o organismo do novo vírus possui apenas 20% de proteína suína. Ou seja, a maior parte dele é formada por proteínas humanas e de aves. “O problema é que a mutação do vírus ocorreu, justamente, nos suínos. Por isso que, instantaneamente, a nova gripe foi batizada com o nome deste animal. A conseqüência disso foi o impacto em um setor importante para a economia nacional e que oferece uma proteína muito benéfica para a saúde humana”, afirma.

O que muita gente não sabe é que a carne suína, além de ser rica em diversas vitaminas e minerais, possui pouca caloria e apresenta menos colesterol do que as carnes de frango e bovina. Segundo Bordin, a proteína suína atende com tranqüilidade todas as exigências científicas, que estabelece uma ingestão máxima de 300mg por dia de colesterol. A ingestão de 100g de lombo suíno, por exemplo, apresente apenas 72,8 mg de colesterol, menos de 25% do total permitido. Quanto às indesejadas gorduras saturadas, a carne suína atende as exigências da “American Heart Association”, ao possuir 2,4% desse tipo de gordura, inferior aos teores observados na carne de frango com pele ou em alguns cortes de carne bovina.

Outra curiosidade é o fato de a carne suína ser indicada para os hipertensos. Isso porque, quando comparada às outras carnes, ela apresenta um menor nível de sódio, mineral responsável por acentuar a hipertensão. Enquanto o lombo suíno possui 58mg de sódio em cada 100g, o filé mignon e o peito de frango sem pele possuem, respectivamente, 61mg e 74mg.

Mais um benefício da carne suína está em seu elevado teor de potássio, elemento de extrema importância no equilíbrio hídrico da célula. “Como estima-se que os hipertensos são bastante sensíveis à surtos gripais, esta é mais uma razão para incluir a carne suína na dieta destas pessoas”, destaca Bordin.

Produção tecnificada – A suinocultura industrial moderna preza pela higiene e prevenção de doenças. É por isso que uma granja considerada padrão possui uma estrutura especialmente desenvolvida para garantir qualidade em todo o ciclo de produção do suíno. “Para atender às exigências do mercado e obter produtividade e rentabilidade, os produtores de carne suína adotaram avançadas técnicas de limpeza, sanidade e melhoramento genético. A figura popular do porco antigo, criado há muitas décadas nos chamados chiqueiros, ganhou presença no inconsciente coletivo das populações. Mas esta não é mais a realidade do mercado. Hoje a suinocultura está bastante tecnificada”, ressalta Edson Luiz Bordin.

Uma granja de suínos moderna possui uma estrutura totalmente direcionada para a eficiência da produção, higiene e bem-estar animal. A estrutura é composta por diversas partes, como quarentenário, maternidade, creche (onde trabalham somente mulheres por conta da sensibilidade no trato com os leitões recém-nascidos), farmácia, fábrica de ração, sistema de tratamento de dejetos, dentre outros setores.

Ao nascer, o leitão passa por uma operação tão detalhada como a realizada nos humanos. O atendimento ao neonato compreende a secagem do leitão com pó secante, papel toalha ou serragem, desobstrução das vias respiratórias, ativação dos sistemas circulatório e respiratório, redução de perdas do calor corporal, amarração, corte e assepsia do cordão umbilical, desgaste dos dentes para não prejudicar as mamadas, aplicação de ferro e atenção especial à ingestão do colostro (leite) nas primeiras horas de vida, já que o leitão não absorve anticorpos durantes a gestão em função da espessura da placenta das fêmeas.

Prevenção do suíno contra a gripe – Como se sabe, a carne suína não transmite a Gripe A, mas não é descartada a hipótese de que os humanos podem contaminar os suínos. Dessa forma, a preocupação dos veterinários é evitar o contágio dos plantéis suínos por pessoas doentes e, até mesmo, a proliferação de vírus provenientes da gripe comum que possam resultar em algum tipo de mutação. Por isso, a higienização e o isolamento são de importância fundamental.

Dentre as diversas medidas preventivas para evitar contágios de plantéis suínos recomendadas pela USDA, OIE, FAO e CDC (Centers for Disease Control and Prevention), que foram compiladas em uma cartilha criada pela Embrapa Suínos e Aves, destacam-se as seguintes: proibir visitas de pessoas não vinculadas à produção, assegurar que todas as pessoas que entrem em contato com suínos usem máscara, botas e roupa descartáveis durante a visita, higienizar regularmente as mãos com soluções em álcool gel e proibir que produtores e funcionários de granjas que apresentem quaisquer sintomas de gripe entrem em contato com os suínos por pelo menos sete dias após a recuperação.

Além disso, também é indicado que a água de bebida dos suínos deve ser bem protegida e clorada e solicitar que os funcionários comuniquem caso seus familiares apresentem sintomas de gripe e que estes busquem cuidados médicos, bem como promover a desinfecção periódica da granja, manter um registro de todas as visitas realizadas no estabelecimento e que todas as pessoas envolvidas na produção de suínos tomem a vacina anual contra a gripe humana.