Alunas da Escola Técnica Estadual “Professor Carmelino Correa Junior”, em Franca (SP), desenvolveram uma fórmula que gera biocombustível a partir de retalhos de couro descartados por curtumes e fábricas de calçados.
A equipe do curso técnico de agropecuária estima que são necessários cinco quilos de couro para um litro de biodiesel, o que representa um custo de R$ 0,20. Além da produção de biodiesel, o processo reaproveita corantes presentes nos materiais e evita o descarte do couro na natureza, que demora de 30 a 200 anos para se decompor.
Curtumes e indústrias de calçados produzem por dia de 60 a 110 toneladas desse material, atualmente descartado em aterros sanitários por uma taxa de R$ 250.
“Nós já finalizamos o projeto, estamos na fase de patenteamento. Estamos aguardando investidores para colocar o processo em escala industrial”, afirma a técnica Joyce Barreto, uma das participantes do projeto.
100% puro
O desenvolvimento da fórmula, que extrai os óleos presentes no couro, foi orientado pela professora e química Joana D’Arc de Souza. Demorou cerca de um ano para que se chegasse ao biocombustível 100% puro, segundo o grupo.
Além de gerar o biodiesel, o procedimento evitaria o descarte integral dos retalhos de couro na natureza. As sobras também são aproveitadas como adubo e para a produção de tijolos ecológicos.
“Esse projeto livra o meio ambiente de danos ao solo e principalmente da contaminação do lençol freático”, explica Joana.
O processo começa com a retirada do corante dos retalhos, que volta ao estado inicial e pode ser vendido novamente.
“No mercado, atualmente, um corante colorido gira em torno de R$ 250 o quilo. Através do nosso processo, extraindo dos resíduos do couro, o quilo do corante vai sair em média R$ 2”, afirma a estudante Victória Carolina Nascimento.
A ideia ainda depende de patente e de investidores para que chegue ao mercado, mas já encontra aprovação de pessoas como Rodrigo Rodrigues, diretor comercial de um curtume em Franca. “A indústria se beneficiaria, seria uma despesa a menos, e estaria acarretando uma questão interessante que é essa do biodiesel que é o futuro para todo mundo”, afirma.