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Agroindústrias

Independência sem renda

Sem capital de giro, frigorífico Independência quer suspender pagamento das parcelas de sua dívida por quatro a seis meses.

Sem ter obtido o capital de giro necessário para pagar credores da recuperação judicial e continuar operando – ainda que parcialmente – , o frigorífico Independência quer suspender o pagamento das parcelas de sua dívida por quatro a seis meses e também o pagamento da mensalidade de setembro.

A empresa convocou uma assembleia com os credores, no próximo dia 8, para discutir a proposta. O Independência, que está em recuperação judicial desde novembro do ano passado, quer postergar os pagamentos até que obtenha um novo aporte de recursos. Segundo fontes próximas à empresa, o volume de capital de giro que o frigorífico necessitava para pagar credores e operar era estimado em R$ 360 milhões.

Uma das possibilidades a ser discutida como forma de pagar os credores é a conversão de dívidas em capital do Independência, disse uma das fontes.

A reportagem entrou em contato com área de relações com investidores da empresa por e-mail, no fim da tarde de ontem, para falar do tema, mas não houve manifestação.

A proposta apresentada ontem pelo Independência aos credores desagradou a pecuaristas do Mato Grosso. O superintendente da Associação dos Criadores e Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse que se a assembleia do dia 8 decidir pela suspensão dos pagamentos, o Independência terá que dar garantias reais aos credores.

“Trabalhamos com duas possibilidades: ou se dá mais um voto de confiança ao Independência ou pede-se a falência da empresa”, afirmou Vacari. “Acho que o Independência já teve muitas oportunidades (…) Quem garante que daqui a seis meses o problema estará resolvido”, indagou.

Em teoria, se o Independência descumprir alguma cláusula do plano de recuperação judicial, credores podem pedir a falência da companhia. No plano aprovado em novembro passado, ficou definido que o Independência pagaria à vista as dívidas até R$ 100 mil. No caso de valores superiores, receberiam R$ 100 mil de entrada e o saldo seria dividido em 24 parcelas pagas a partir de março deste ano.

Naquele mês, o Independência conseguiu emitir um eurobônus de US$ 165 milhões no mercado internacional para pagar dívidas com pecuaristas e outros fornecedores que venciam em 31 de março.

Afetado pela crise internacional, o Independência pediu proteção contra a falência no começo do ano passado. No total, suas dívidas com credores chegavam a R$ 3 bilhões. No plano de recuperação aprovado, os credores financeiros (com créditos de R$ 2 bilhões) perdoaram 50% das dívidas. Mas ficou definido que se houver venda do controle, estes terão direito a um bônus de subscrição, uma espécie de ação do frigorífico. Nesse caso, 50% do valor da operação será dividido entre os credores financeiros.