Redação (07/04/2009)- É de otimismo e planos estratégicos que se munem as lideranças e especialistas da pecuária brasileira para os próximos meses de 2009 e anos futuros. Nesta segunda, dia 6, o Canal Rural promoveu o primeiro painel sobre temas do agronegócio de uma série que segue durante a semana, na Exposição Agropecuária de Londrina (ExpoLondrina) 2009. Os argumentos para previsões positivas são muitos, mas o principal deles parece óbvio: o mundo vai continuar comendo, com ou sem crise.
“A crise vai nos engolir ou as pessoas vão comer na crise?”. A pergunta polêmica abriu uma discussão sobre as perspectivas do mercado agropecuário em tempos de retração financeira. Segundo o consultor de empresas da Odconsulting Planning&Strategy, Osler Desouzart, as pessoas continuarão, sim, comendo mesmo em tempos de crise, e apreciando todos os tipos de carne, especialmente a bovina. No entanto, será preciso criatividade para adaptar a produção ao bolso e ao gosto do consumidor.
Durante o painel Pecuária de Corte e Crise Mundial: Efeitos e Soluções, Desouzart, o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Otávio Cançado, o diretor de estratégia do JBS-Friboi, Antônio Camardelli, e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reforçaram o desempenho positivo da indústria de carne brasileira nos últimos anos, quando o país assumiu posição importante no ranking mundial de exportações. Agora, além da atual crise econômica internacional, o país ainda combate o fantasma das barreiras sanitárias, que exigiram uma reforma no Sistema de Rastreabilidade Bovina (Sisbov).
– Temos chance de reconquistar grande parte do mercado europeu. Não temos nenhuma pendência sanitária nessa área. A missão que esteve em Mato Grosso há 15 dias ficou satisfeita com o que viu – garantiu Reinhold Stephanes.
Segundo os painelistas do Fórum Canal Rural, o Brasil é o país com maiores condições de atender à grande demanda de alimentos que vem por aí. Embora as previsões apontem para um crescimento menos dinâmico das economias mundiais, a maior procura por alimentos é um fato, garantem os especialistas.
– Em nove anos, o Brasil aumentou em 10 vezes a produção para exportação de carne bovina – informou o representante da Abiec, Otávio Cançado, que ao lado do ministro Stephanes assumiu ter sido sempre um otimista em relação à reação do Brasil diante da crise.
O fato é que a partir de agora, a tal procura pode ser diferente. Osler Desouzart aposta numa migração da dieta mundial, quer dizer, as pessoas irão buscar produtos que se adaptem as suas condições de crise.
– O futuro da indústria de alimentos não está nas mãos dos que comem, está nas mãos dos que nada comem ou não comem o suficiente – arriscou o consultor.
Segundo ele, o momento de crise é também uma oportunidade de projetar nova oferta ao mercado consumidor. Desouzart ainda chamou a atenção para um elemento fundamental para a agropecuiária e que anda esquecido diante de tanto conflito econômico: a água.
– A crise do mundo é que não há água suficiente para fornecer 500 milhões de toneladas de carne no futuro – disse.
Além de planos estratégicos para captação de novos mercados, qualidade fitossanitária e criatividade para oferecer mais a um novo público, a pecuária brasileira se depara com mais esse desafio.