Da Redação 30/09/2005 – O governo paulista e empresas privadas deverão investir pelo menos R$ 89 milhões na Hidrovia Tietê-Paraná até 2009 para minimizar seus principais gargalos e ampliar a movimentação de cargas agrícolas em suas águas. Do aporte mínimo previsto, R$ 62 milhões servirão para ampliar vãos e proteger pilares de pontes, R$ 12 milhões para alargar e aprofundar canais e o restante deverá ser destinado a obras de geradoras de energia.
Com isso, a expectativa é elevar a taxa de crescimento anual do volume transportado pela hidrovia, que nos últimos anos ficou em torno de 10% graças à diversificação de cargas e ao avanço de soja e cana. Também espera-se que diminua a subutilização da capacidade da via, que no total alcança 20 milhões de toneladas por ano. Em 2004, conforme o Departamento Hidroviário da Secretaria de Transportes de São Paulo – que administra o principal trecho da hidrovia -, transitaram por ela 3,105 milhões de toneladas, principalmente de soja em grão (683 mil), farelo de soja (644 mil) e cana (800 mil). O departamento estima movimentação total de 3,416 milhões de toneladas em 2005.
De acordo com Oswaldo Rosseto, diretor da hidrovia, entre janeiro e agosto deste ano a movimentação somou 1,36 milhão de toneladas, 5% mais que no mesmo período do ano passado (1,305 milhão de toneladas). O principal apelo para atrair novas cargas são os fretes mais baixos na comparação com os preços cobrados em rodovias e ferrovias.
Rosseto informa – e clientes da hidrovia confirmam – que o transporte hidroviário apresenta vantagens econômicas em relação aos outros meios de transporte especialmente para cargas não perecíveis. Segundo seus cálculos, para se transportar 1 tonelada de carga não perecível por mil quilômetros, o frete hidroviário sai por US$ 14. Em ferrovias, por sua vez, o custo pode chegar a US$ 29, e por estradas, a US$ 39 para os mesmos volume e distância. “Para longas distâncias, o transporte hidroviário é imbatível”. Rosseto explica que cada comboio composto por 4 barcaças transporta 6 mil toneladas – o equivalente à capacidade de 200 carretas, mas com gastos com combustíveis 20 vezes menores.
Rosseto lembra, ainda, que o aumento que vem sendo observado no volume movimentado também reflete o atual estágio em que as vias se encontram, com boa parte da infra-estrutura realizada. “A via está pronta. As próximas obras serão para eliminar restrições operacionais”, diz.
A Caramuru Alimentos, maior usuária da hidrovia, calcula uma redução de 20% a 30% no frete com os investimentos previstos até 2009. Mas, segundo César Borges de Sousa, vice-presidente da empresa, o ideal era que o governo do Estado antecipasse todos os investimentos para 2006. Sousa diz que o vão inadequado das pontes obriga a uma série de operações de desmembramento dos comboios, ampliando gastos e tempo de viagem. Além disso, há a necessidade de autorização para aumentar o número de barcaças na via – segundo Sousa, o sistema comporta um empurrador (espécie de “locomotiva”) com seis barcaças, mas o limite imposto é de quatro.
Segundo Sousa, se os gargalos da hidrovia e a falta de oferta de trens em Pederneiras (SP) forem solucionados, o volume movimentado poderá dobrar. A Caramuru transporta pela hidrovia a produção de grãos de sua unidade de São Simão (GO) até Pederneiras ou, quando não há oferta de trens nesse terminal, Anhembi (SP). De Pederneiras ou Anhembi, a carga é levada por trilhos até o porto de Santos. Neste ano, a Caramuru deverá transportar 800 mil toneladas de soja e farelo, 18,75% mais que no ano passado. A expectativa é chegar a 1 milhão em 2006.
Já a Coinbra deve transportar pela Hidrovia Tietê-Paraná até 500 mil toneladas de soja em 2005, e o volume, segundo fonte da empresa, cresce proporcionalmente ao aumento da produção na região de São Simão.