Redação AI (03/07/07) – A avicultura de subsistência é desenvolvida em 142 municípios, com um total de 60 mil estabelecimentos e plantel de 4,2 milhões de aves.
Mesmo sendo uma atividade nova, a produção de frangos está se expandindo rapidamente no Estado e já conta com aproximadamente 300 produtores. Este ano, a estimativa de produção é de 60 milhões de cabeças, sendo que 30% deste total serão destinados à exportação. Para o setor isso significa um crescimento de 96,16% em relação a 2006, quando a capacidade instalada de produção era de 30,73 milhões de aves.
Para 2009, o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) estima que a capacidade de produção das maiores granjas do Estado – Sadia, Perdigão, Anhambi e Globoaves – saltará para 84,49 milhões de frangos, com incremento de 40,14% em relação aos números previstos para 2007. Índice bem superior ao previsto para outros estados que já estão há mais tempo nesta atividade, como Paraná e São Paulo que devem alcançar um crescimento de 10%.
Em relação ao número de galpões, que era de 2,07 mil em 2006 e passará este ano para 2,86 mil, a previsão é de que em 2009 atinja 3,96 mil unidades instaladas. Este ano o número de galpões aumentará 38,16% em relação a 2006 e, até 2009, a expectativa é de que o crescimento em relação a este ano seja praticamente mantido (38,46%).
A criação e reprodução das aves também está em crescimento. Em 2006, Mato Grosso contava com 46 núcleos de reprodução, com capacidade para 1,6 milhão de cabeças. Este ano, a previsão é de que sejam instalados 76 núcleos, aumentando a capacidade de reprodução para 3,17 milhões de aves (crescimento de 98,12% em relação a 2006). Para 2009, a estimativa é de que Mato Grosso passe a contar com 88 núcleos (incremento de 15,78% em relação a este ano) e a capacidade de reprodução seja ampliada para 3,45 milhões de aves (crescimento de 8,83%).
O consultor de Pecuária da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Luiz Carlos Meister, aponta Mato Grosso como um dos maiores produtores mundiais de aves de corte, num futuro próximo. “Mato Grosso ainda dá os primeiros passos neste setor. Porém, é o Estado com o maior potencial de expansão considerando aspectos importantes: é o maior produtor de soja e caminha para ser também o maior produtor de milho do Brasil, produtos que podem ser transformados em alimento para aves, aumentando o valor agregado e assim alavancando outros setores da economia. Esta atividade certamente vai ajudar a viabilizar o Estado economicamente, promovendo a geração de empregos e iniciando uma nova fase na comercialização para os mercados nacional e internacional”, frisa Meister.
Granjas vão expandir capacidade de produção
As duas maiores granjas do Estado – Sadia e Perdigão – vão ampliar sua capacidade de produção, reprodução e abate de aves em Mato Grosso em mais de 140% este ano. Juntas, as duas empresas vão aumentar a capacidade de produção em 167,89%, passando das atuais 17,60 milhões aves para 47,15 milhões de cabeças até o final do ano.
A Sadia é a que fará o maior investimento em expansão, ampliando a sua capacidade de produção em 200% em 2007: saltará de 11,6 milhões para 134,80 milhões de aves, contra 12,35 milhões de aves da Perdigão, que aumentará a sua capacidade de produção em 105% em relação a 2006 (6 milhões de aves).
Os investimentos em criação de aves vão gerar um incremento de 176,04% na área de reprodução, que passará de 833,2 mil aves (2006) para 2,21 milhões de aves, este ano. A Sadia manterá a frente também nesta área, com crescimento de 195,02% em 2007 (1,72 milhão de aves) em relação ao ano anterior (583,2 mil aves). Já a Perdigão aumentará a sua reprodução de 250 mil aves para 490 mil aves este ano.
Na área de abates Sadia e Perdigão vão crescer 142,85% este ano, em relação a 2006. A previsão é de que o total de aves abatidas diariamente nos frigoríficos das duas empresas salte de 294 mil para 714 mil. A Sadia vai aumentar o volume de abates em 181,18%, passando das atuais 154 mil aves/dia para 434 mil aves/dia até o final do ano. A Perdigão incrementará os abates em 100%, saindo de 140 mil aves/dia para 280 mil aves/dia.
A Anhambi, com atuação em quatro municípios, manterá a sua capacidade de produção em 3,06 milhões de aves este ano, com previsão de reproduzir 300 mil aves e abater 140 mil cabeças/dia em suas unidades de Tangará da Serra (242 quilômetros ao médio norte de Cuiabá) e Sorriso (460 quilômetros ao médio norte de Cuiabá).
Já a Globo Aves ampliará investimentos em criação, passando de 480 mil aves e 13 núcleos de reprodução, em 2006, para 600 mil aves até o final deste ano (crescimento de 37,5%) e 16 núcleos de reprodução.
Medidas de prevenção contra gripe
O Estado conta com 565 propriedades e granjas avícolas e a perspectiva é de que, em um prazo de 10 anos, Mato Grosso assuma o primeiro lugar em produção de aves no país. De olho nesta possibilidade e na ameaça da gripe aviária em diversos países, o Estado já adotou medidas preventivas e preparou barreiras para impedir a entrada do vírus H5N1 em seu território.
Uma das primeiras providências tomadas pelo governo estadual foi criar o Comitê de Monitoramento dos Riscos da Influenza Aviária, responsável por acompanhar as ações de prevenção contra a doença, que já dizimou mais de 10 milhões de aves e matou dezenas de pessoas em todo o mundo.
Outra providência é a criação de uma legislação de sanidade avícola, elaborada por técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Rural e do Indea, com a participação de produtores. A preocupação do Indea é manter a sanidade do rebanho avícola, evitando o ingresso principalmente da gripe aviária e da Doença de Newcastle e controlando também outras doenças como a Micoplasmose e Salmonelose.
Estado sai na frente com lei
Preparando para se despontar no mercado internacional como grande exportador de carne de aves, Mato Grosso não quer apenas ser um dos maiores, mas o melhor produtor de aves de corte do Brasil. Por isso, está saindo na frente e elaborando sua própria lei para disciplinar o setor, com prioridade para a questão da biosseguridade da produção visando, principalmente, a sanidade animal.
O objetivo da lei é promover e estimular a avicultura, dentro dos padrões exigidos pelo mercado local, nacional e internacional. Nenhum estado brasileiro possui uma legislação para regulamentar a produção de aves de corte, nem o próprio Ministério da Agricultura. A instrução normativa do ministério refere-se apenas à produção de matrizes.
Para o consultor de Pecuária da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Luiz Carlos Meister, a elaboração da lei de controle sanitário fará com que Mato Grosso desenvolva o setor da avicultura com bases sólidas.
“A produção de aves de corte no Estado terá um crescimento organizado e seguro porque sua expansão ocorrerá com base numa lei elaborada dentro de modernos conceitos que garantirão a biosseguridade da avicultura de corte e de sua sustentabilidade”, acentua Meister.
Exportações crescem 88,53%
Acompanhando o crescimento da capacidade de produção de aves, que deverá fechar este ano com 60 milhões de cabeças (crescimento de 96,16% em relação a 2006), as exportações mato-grossenses de frango registraram incremento de 88,53% entre os meses de janeiro a maio deste ano em relação a igual período do ano passado.
De acordo com informações do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (CIN/Fiemt), nesse período as exportações saltaram de US$ 20,15 milhões para US$ 37,99 milhões. Em volume exportado, os números de 2007 apontam 32,96 mil toneladas, contra 14,13 mil toneladas no período de janeiro a maio de 2006.
Brasil
Terceiro maior produtor e líder mundial nas exportações de carne de frango, o Brasil produziu cerca de 10 milhões de toneladas em 2006. Deste total, aproximadamente 3 milhões de toneladas destinaram-se ao mercado externo gerando a uma receita cambial de US$ 2,6 bilhões. A estimativa de produção para 2007 é de 10,8 milhões de toneladas, com previsão de exportar 3,25 milhões de toneladas (incremento de 8% sobre a produção do ano passado). É o segundo produto nas exportações do agronegócio e o sexto na pauta de exportações do país.
Consumo
O Brasil apresenta um dos maiores índices de consumo médio de frango por habitante que passou de 12,7 kg para 33,9 kg entre 1989 e 2004 e deve atingir 35,8 kg/habitante em 2007, ficando atrás dos Estados Unidos e quase empatado com a Arábia Saudita.