Centenas de produtores de suínos de diferentes estados do país estiveram reunidos nesta quinta-feira (12), em Brasília, para o grande ato público em defesa da suinocultura brasileira. Vestidos com uniformes que estampavam o nome da manifestação “Preço Justo para Produzir”, os produtores pediram medidas urgentes do governo para auxiliar no combate à crise que afeta o setor
Durante a audiência pública que ocorreu no Senado Federal, o ministro da Agricultora, Mendes Ribeiro, e o secretário de Política Agrícola, Caio Rocha, anunciaram algumas medidas para o setor. Na análise da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), as medidas ainda são insuficientes para solucionar a crise.
O prejuízo acumulado ao longo dos meses já soma mais de R$ 4 bilhões e ameaça fechar centenas de granjas, atingindo diretamente cerca de um milhão de brasileiros que trabalham no setor. A política de preço mínimo para a suinocultura, uma das principais reivindicações da categoria, não foi anunciada pelo governo. Sem a política de preço mínimo, a crise tende a seguir seu curso de prejuízos para o setor.
“O produtor está pagando para produzir. Se quiser e for de interesse, é possível o governo atender às reivindicações da suinocultura”, afirmou o presidente da ABCS.
Entre as medidas anunciadas pelo governo, está a autorização para uma linha de crédito especial de R$ 200 milhões para que as industrias possam adquirir leitões ao preço de referência de R$ 3,60 o Kg vivo. A taxa de juros será de 5,5% ao ano. O governo também decidiu prorrogar as dívidas de custeio com vencimento ou já vencidas em 2012 para até janeiro de 2013.
O ministro ainda garantiu que os produtores terão uma linha de crédito para financiamento fora do sistema bancário, que podem ser contraídos junto a cooperativas, cerealistas, fornecedoras de insumo e tradings. Os recursos, segundo o ministério, poderão ser do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) ou de outras fontes a serem identificadas. Os juros, nestes casos, serão de 5,5% ao ano, com prazo de cinco anos para que o produtor possa efetuar o pagamento.
O governo anunciou ainda que, dependendo da reação do mercado, o governo prevê a definição de o preço referência da carne suína em caráter excepcional (até 28/12/2012) para as operações de subvenção de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) no valor de R$ 2,30/kg por animal vivo. A medida, segundo o governo, valeria para mercadorias originárias da Região Sul e com limite de 50 mil toneladas para cooperativas.
“Nada disso vai adiantar porque os produtores estão sem limites de endividamento. O governo precisa se dar conta disso”, disse o presidente da ABCS.
A ABCS reforça que as medidas anunciadas não resolvem por completo o problema que atinge a suinocultura brasileira. Enquanto não tivermos a implementação de uma política de preço mínimo para a suinocultura, que seja capaz de acabar com as diferenças de valores pagos ao produtor, a crise tende a continuar crescendo.
Juntamente com suas afiliadas, a ABCS manterá a mobilização em busca de melhorias para o setor.