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Ministro prevê juro agrícola menor

<p>Juros altos e a política cambial são considerados os maiores ''algozes'' dos agricultores.</p>

Redação (21/06/07) – Estudo realizado por técnicos da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentado ontem (20/06) em Brasília mostra as dívidas e prejuízos acumuladas pelos agricultores nas últimas cinco safras: duas de verão e três de inverno, impedem que aproveitem o momento favorável.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, antecipou que sua expectativa é de que os juros sejam de 6,25 para o médio produtor e de 6,75% para o grande produtor, porém ressaltou que a decisão final sai até dia 26 de junho.

Stephanes também garantiu que já existem estudos e que o governo deve rever sua posição quanto à restrição de navio de bandeira estrangeira realizar o transporte de cabotagem, medida que ajuda a reduzir os custos com transporte.

Mas quando questionado sobre a possibilidade do governo acenar com medidas compensatórias para minimizar o efeito do câmbio na agricultura o ministro disse que por enquanto não há nada. "Simplesmente continua sendo um juros de mercado, onde você tem uma TJLP a 6,5% e você vai pagar 6,75%. Pouco vai ajudar, e os custos continuarão inviabilizando o setor rural", desabafou o presidente da Faep, Ágide Meneguette ao saber da expectativa de juros do ministro.

Já em relação a ausência de proposta compensatória afirmou que o objetivo desse encontro com os deputados e senadores é mostrar o empobrecimento do campo. O estado precisa ter uma definição: se é importante o setor rural, precisa ter o apoio.

Além do ministro, dos três senadores e 23 deputados da bancada paranaense compareceram ao café da manhã promovido pela Faep, na CNA em Brasília. A tema da discussão foi "A queda da renda e o endividamento do produtor rural". O estudo aponta os juros altos e a política cambial como os maiores algozes dos agricultores, mas não foram esquecidas as absurdas exigências ambientais, segundo Meneguette.

Os dados impressionam, um deles mostra que mantida a atual taxa de juros de 8,75%, não havendo quebra de safra e com comprometimento de renda em torno de 9,97%, seriam necessários 25 anos para os agricultores pagarem R$ 9,7 bilhões de prejuízo acumulado desde o segundo semestre de 2004 até o ano passado.

A relação entre dívida de crédito e Produto Interno Bruto (PIB) agrícola impressiona, saltou de 35% em 2003 para 54,8% em 2006, com base em informações do Bacen e IBGE. "Propostas foram apresentadas, algumas em caráter de urgência. Caso a maioria das medidas não forem adotadas, as consequências para o setor serão catastróficas", segundo o presidente da Faep.

O assessor técnico-econômico da Faep, Carlos Augusto Albuquerque, disse que o governo suspendeu até 31 de agosto o pagamento das dívidas para encontrar soluções para o setor. O endividamento é referente aos anos de 2004 a 2006 e envolve tanto operações de investimento quanto de custeio. "O Paraná foi um dos Estados mais prejudicados porque passou por três anos de seca (três de verão e duas de inverno) além de enfrentar a queda do dólar. O produtor plantou com o dólar a R$ 3 e colheu com a cotação a R$ 2,60", disse.

Na avaliação do presidente da Faep, a situação ficará ainda mais difícil a partir deste mês, quando vence a maioria das parcelas de financiamento de investimentos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). Como estas parcelas não são amparadas pelo Manual de Crédito Rural, não poderão ser prorrogadas pelos bancos repassadores, alerta Meneguette. "As medidas tomadas pelo governo federal, no último dia 14, apenas dão fôlego para que se negocie uma solução melhor e definitiva", disse.