Redação (06/10/06)- O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, disse ontem que o atual modelo agrícola está esgotado. “O governo federal precisa ser pró-ativo”, afirmou ao anunciar os números para a safra 2006/07 de grãos. Em julho, logo após assumir o ministério, Guedes Pinto pediu que a Secretaria de Política Agrícola da pasta fizesse um levantamento sobre o montante gasto pelo governo nos últimos anos para socorrer os produtores rurais.
Segundo o ministro, estudos preliminares da Secretaria de Política Agrícola mostram que as prorrogações de dívidas dos agricultores e os mecanismos de apoio à comercialização de grãos custaram, em média, entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões por ano ao governo nos últimos seis anos. Em 2006, o Tesouro Nacional gastou R$ 6 bilhões com essas políticas. Se o governo incentivasse a contratação do seguro rural e o ingresso dos produtores no mercado futuro, esse montante poderia ser gasto de outra maneira, argumentou Guedes.
O ministro contou que o ministério pediu à área econômica do governo a alocação de R$ 2,6 bilhões para as políticas de apoio à comercialização de grãos em 2007. Neste ano, os gastos previstos para esse fim somam R$ 2,45 bilhões. Somente em 2006, lembrou ele, o governo permitiu a prorrogação de R$ 20 bilhões em dívidas. Do total solicitado para o próximo ano, R$ 1 bilhão irá para a comercialização de soja.
A primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2006/07, que começou a ser plantada em meados de setembro, indica que o Brasil deverá colher entre 117,7 e 120,6 milhões de toneladas de grãos, dependendo das condições climáticas até o período de colheita. Assim, a produção pode cair 1,8% ou crescer 0,6% na comparação com a safra 2005/06, que foi de 119,9 milhões toneladas. Os números foram divulgados ontem pelo ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, e pelo presidente da Conab, Jacinto Ferreira.
O levantamento ainda aponta que a área cultivada de grãos na próxima safra deve ficar entre 44,7 milhões e 45,7 milhões de hectares, uma redução de 5,3% a 3,3% em relação ao plantio de
47,3 milhões de hectares no ano agrícola anterior.
Guedes e Ferreira reconheceram que a queda na área de plantio é conseqüência da crise vivida pelo setor no governo Lula e avaliaram também que as baixas cotações dos produtos agrícolas não estimularam o plantio. Apesar disso, o ministro disse que a prorrogação das dívidas dos produtores e as medidas de apoio à comercialização, adotadas recentemente, impediram um recuo mais significativo na área plantada. Segundo ele, estimativas da iniciativa privada indicavam que a queda na área de cultivo de grãos seria de 10%. “Essa pequena diminuição demonstra o acerto das políticas de apoio ao setor”, sustentou Guedes.
O presidente da Conab explica acrescenta que o uso de tecnologia nas lavouras e a escolha de terrenos mais produtivos para o plantio impedirão que a produção de grãos na safra 2006/07 caia na mesma proporção da área plantada.