A indústria de alimentos deve se adaptar ao novo perfil do consumidor brasileiro. É o que revela uma pesquisa realizada pelo Ibope. As conclusões sobre esta mudança de comportamento foram apresentadas nesta terça, dia 18, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Secretaria de Agricultura do Estado. No evento, foi lançada uma revista com os detalhes da pesquisa para ajudar os empresários do setor na tomada de decisões.
A publicação chamada de Brasil Food Trends 2020 é o resultado de 18 meses de trabalho. O Ibope entrevistou 1.512 pessoas com idade acima de 16 anos nas nove principais capitais do país. O objetivo foi levantar o atual perfil do consumidor de alimentos no Brasil e apontar tendências. Em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), a Fiesp levantou dados interessantes. Algumas atitudes dos consumidores surpreenderam.
No momento da compra, tem aqueles que priorizam fatores como sensorialidade e prazer. E entre o alimento mais saudável e o mais gostoso, ficam com a segunda opção. Mas tem também os que optam pelo produto saudável e bem-estar, mesmo que custe mais caro.
Já quem tem a vida mais corrida, sem tempo para cozinhar por exemplo, opta pela conveniência e praticidade. A fidelidade com a marca também revelou um consumidor que valoriza ainda a confiabilidade e a qualidade na hora da compra.
Muitos também mostraram preocupação com o item sustentabilidade e ética e dizem comprar mais de empresas que se dedicam à preservação do meio ambiente e com questões sociais.
O estudo mostrou um consumidor mais atento e influenciado por mudanças de perfil na própria família.
“As mudanças na estrutura familiar e a presença da mulher no mercado de trabalho. É preciso que a indústria se adapte à isso”, afirma o diretor de agronegócio da Fiesp, Antônio Carlos Costa.
De acordo com a Fiesp, entre pequenas e grandes, o Brasil tem hoje 22 mil industrias de alimentos. O setor representa 10% do PIB nacional e emprega mais de 1,5 milhão de pessoas. É preciso, no entanto, mudar conceitos para continuar crescendo.
“A empresa tem que pensar mais no perfil do consumidor e em como produzir pra ele”, explica o presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, Roberto Rodrigues.
Durante a apresentação da pesquisa, o vice-presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, falou da importância da parceria da indústria com o agronegócio.
“Essa é uma oportunidade de recebe-los aqui, de dizer que a casa é sua e que temos que trabalhar juntos”, afirmou.
A federação e o governo do Estado assinaram um protocolo de intenções criando o grupo estratégico Brasil Food Trends 2020. O documento deve servir como uma espécie de cartilha para que empresas do setor de alimentos se adaptem a esse novo consumidor que está surgindo, cada vez mais exigente, mais crítico, mais informado e que já está sendo chamado de “neoconsumidor”. Através das informações contidas no documento, o que nós temos que fazer é olhar e compreender este consumidor – afirma o coordenador geral do Brasil Food Trends 2010, Luiz Madi.