A persistência e a força de vontade do setor, em meio a tantas “tempestades”, são dignas de, pelo menos, uma grande admiração. Não é fácil ter que tirar do bolso todo o mês o dinheiro das despesas domésticas para pagar a produção de suínos. Isto deveria ser ao contrário. A produção de suínos é que deveria pagar todos os meses as despesas domésticas do criador.
De acordo com os cálculos do Instituto Cepa/SC, somente do mês de março de 2003, o suinocultor da Região Sul brasileira teve um prejuízo de R$ 791,00 por matriz ao ano, para uma média de produção de 16 leitões/porca/ano. Neste último, ano o preço do milho subiu como rojão (pois segue a cotação do dólar), o preço dos combustíveis também só aumentou, sem falar nos preços dos medicamentos, muitos deles importados, que ajudaram a inflacionar a produção suinícola. E o preço do suíno, também aumentou? Que nada. Este foi pela contramão e despencou.
A esperança do setor está na boa produtividade desta safra de milho e na (re) abertura de mercados internacionais para a carne suína brasileira. O mesmo Instituto Cepa já revelou que o rebanho de suínos no Brasil deverá cair 6,3% em 2003 e a produção de carne deverá ser 3,7% menor. Com um sutil equilíbrio na cadeia insumo/rebanho/produção/mercado, a suinocultura nacional poderá, finalmente, respirar e oxigenar seu organismo para dar novas braçadas.
Um exemplo disso pôde ser conferido na AveSui 2003 Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos, que reuniu produtores e indústria para o início de uma negociação e organização da cadeia produtiva. A criação da Câmara Setorial de Aves, Suínos, Milho e Sorgo foi o marco desta nova etapa.
Suinocultores de todo o Brasil foram até Florianópolis (SC) para acompanhar as discussões da cadeia e conferir as últimas novidades da suinocultura moderna, apresentadas pelas 210 empresas expositoras na AveSui. Um sinal de que o setor não quer se entregar tão fácil às águas tormentas dessa maré. A AveSui, neste contexto, firmou-se como o ponto de encontro entre produtores, técnicos, empresários, representantes políticos e acadêmicos envolvidos na produção e na comercialização da carne suína.
“Temos que olhar para a parte cheia do cálice de vinho”, diz o Professor e PhD em Gestão Empresarial e Humana, Marins Filho.
Osvaldo Gessulli Neto
Editor/Diretor