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''Não é porco demais. É milho de menos''

Nessa entrevista, Paulo Tramontini, presidente da ACCS Associação Catarinense de Criadores de Suínos, afirma que alguém esqueceu que e a moeda brasileira continua sendo o Real, substituindo-a pelo Dólar, e aponta o custo de produção da suinocultura como principal fator da quebradeira do setor.

Redação SI 17/12/2002 – O Cooperalfa (OC): O ano de 2002 está chegando ao fim e a situação da suinocultura brasileira continua caótica. As promessas eram de que a situação deveria estar melhor. Por que não está?
Paulo Tramontini (PT): A ACCS nunca afirmou que chegaríamos em dezembro/02 numa situação confortável. Sempre tivemos ponto de vista diferente. Algumas lideranças agrícolas, não da área suinícola, de fato diziam que a suinocultura estaria com seus problemas resolvidos no curto prazo, com o setor caminhando para a lucratividade ainda em 2002. sempre fomos taxativos em alertar sobre o grande problema do setor que se chama custo de produção, baseado no milho e torta de soja. E, infelizmente, não temos perspectivas de contarmos com essas matérias-primas mais baratas, nem temos esperança de que a indústria consiga cobrir este custo ao produtor, que chega a R$ 1,72 ao quilo, somente com alimentação. Mesmo com a boa vontade da indústria em elevar os preços nas últimas semanas, isso em sido insuficiente.

OC: A nova safra de milho que começa a entrar em janeiro/2003 poderá ajudar no alívio desse sufoco?
PT: Acredito que sim, ainda mais se o preço do milho ficar na casa dos R$ 20,00, a R$ 22,00 a saca. Com isso o custo de produção diminuirá um pouco. Teríamos de contar também com o esforço da indústria em pagar esse custo, além do consumidor, que deverá desembolsar um preço um pouco melhor pelos derivados de suínos. Se isso não acontecer, toda a cadeia ligada a suínos entrará em falência.

OC: O que houve? O Brasil produziu porco demais?
PT: Discordo. O Brasil produziu de menos milho. Claro, que a produção de suínos aumentou, mas o consumo e as exportações também subiram. O problema é que não está sendo possível  repassar esse assunto no mercado interno, para o custo de produção do suinocultor.