Redação SI (17/08/05) – A carne suína oferecida nos grandes centros brasileiros é submetida a severos controles sanitários, que atendem a rigorosas exigências formuladas pelos 80 países que importam o produto brasileiro. Cerca de 70% das 33,9 milhões de unidades de animais oriundos da cadeia industrial abatidos em 2004 passaram por inspeção federal, sendo os restantes 30% fiscalizadas pelas instituições estaduais de controle sanitário.
Essas constatações foram feitas pelo presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini, depois de ouvir do próprio Dr. Paulo Niemayer, médico responsável pela operação realizada para retirar um cisto da cabeça da atriz Malu Mader, que são remotas as hipóteses de se tratar de cisticercose. “Somente com o resultado da biópsia saberemos ao certo, mas depois da cirurgia podemos afirmar que dificilmente se trata de cisticercose”, afirmou Paulo Niemayer.
Para Rubens Valentini, é fundamental salientar a qualidade da carne de porco produzida pela cadeia de produção de suínos. O presidente da ABCS destaca que a incidência de cisticercose está confinada à situações que envolvem ambientes rurais e criações domésticas, com um adendo fundamental: é indispensável observar que a contaminação não se dá diretamente do consumo da carne suína, mas sim através do consumo de verduras e folhagens.
Valentini também afirma ser indispensável que a opinião pública faça a distinção entre o porco criado à moda antiga, de forma doméstica, em condições precárias, do suíno produzido em ambiente industrial, sob minucioso acompanhamento. “Se estamos preocupados inclusive com o conforto animal, para atender as regras do mercado internacional, imagine o esforço que a cadeia não faz para cumprir as mais rigorosas regras sanitárias”, comentou o presidente da ABCS.
Na imensa maioria das granjas, o acesso é limitado a pessoas adequadamente vestidas com macacão; as baias são pintadas e desinfetadas regularmente; e os ambientes são desprovidos do cheiro que contaminava as pocilgas de antigamente. Para Valentini, o mundo da produção do suíno é completamente diferente daquele onde crescia o porco-banha, hoje restrito ao quintal de pequenas chácaras e ao consumo doméstico nas áreas rurais do País.
Nas granjas industriais, onde existem cerca de dois milhões de matrizes no país, cada nova matriz suína exige investimentos da ordem de US$ 1.500,00 (cerca de R$ 3.500,00), recursos estes fundamentalmente aplicados em condições operacionais que garantam os controles sanitários necessários.
Ao explicar o ciclo da cisticercose, Dr. Daniel Magnone, Diretor do Instituto de Metabolismo e Nutrição, de São Paulo, afirma categoricamente: “obedecendo às receitas clássicas da culinária brasileira, a carne suína não apresenta qualquer tipo de problema. Nesse sentido, Magnone, Secretário Geral da Associação Latino Americana de Nutrição, diz que nenhum profissional de saúde defenderia o consumo de produto de origem animal cru”.
A Taenia solium se desenvolve no intestino humano, a partir da ingestão de carnes não cozidas apropriadamente e produzidas fora das condições sanitárias ideais. A contaminação com a cisticercose, porém, ocorre quando a pessoa afetada pela Taenia não lava corretamente as mãos depois de usar o banheiro, ou quando suas fezes contaminam a área de plantio de legumes e verduras.
A incidência da Taenia solium, segundo Dr. Magnone, é algo raro hoje em dia no Brasil e confinada, basicamente, a regiões do interior do Brasil.