Redação AI 20/01/2003 – Um dos setores que está iniciando o ano de forma bastante otimista é o avícola. Embalados pelo ano de 2002, que deve fechar com um crescimento de 12%, segundo dados preliminares da Associação dos Abatedouros e Produtores Avícolas do Paraná (Avipar), o segmento promete explorar outros mercados para exportação, além de realizar novos investimentos.
Para este ano, o presidente da Avipar, Domingos Martins, diz que as perpectivas são as melhores. “Com o governo Lula e seu projeto Fome Zero, o frango deve ter um lugar de destaque, pois é um produto rico em proteínas e com preço acessível. Neste ano certamente vamos superar 2002”, explica.
O comércio externo também deve crescer, segundo o presidente da Avipar. O motivo é a disponibilidade de financiamentos externos e o maior número de estabelecimentos habilitados para exportar. Hoje o Paraná possui cerca destes 15 estabelecimentos.
O Paraná, até outubro, era o maior exportador de carne de frango. Perdeu nos dois últimos meses do ano para Santa Catarina por causa de problemas tarifários. Neste período, a tarifa de entrada na Europa para o peito do frango saltou de 15% para 75%.
Em 2002
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior dão conta de que no acumulado de janeiro a novembro, as exportações do Paraná – pedaços e miudezas de frango – cresceram 34% em quilos líquidos e 24% em receita. No entanto, as exportações de carnes em pedaços e preparações alimentícias de frango (carne industrializada), registraram queda. Segundo o presidente da Avipar, isso é considerado normal porque o mercado às vezes migra de um produto para outro. Em dois anos, ele acredita que as carnes industrializadas ocuparão o espaço ocupado hoje pelas carnes in natura.
Consumo
O crescimento do setor de um modo geral, segundo Martins, foi impulsionado pela elevação na venda para outros estados e pela ampliação de algumas empresas e cooperativas do Paraná. “Há cooperativas que praticamente dobraram o abate”, conta.
O Paraná é hoje auto-suficiente em carne de frango e o excedente é exportado. Os principais mercados são a União Européia, Ásia, Oriente Médio e América Latina.
No que se refere ao mercado interno, Martins diz que o consumo per capita anual médio do brasileiro é de 35 kg de carne. “No Sul, tradicionalmente este volume é maior, mas não sabemos precisar quanto”, revela.
2003
Unifrango
Um dos principais contratempos enfrentados pelo setor no ano passado foi a valorização do dólar, uma vez que os insumos que abastecem a cadeia são cotados na moeda norte-americana. Para diminuir este impacto, cerca de 20 empresas do segmento se uniram e formaram a Unifrango Agroindustrial.
Para Martins, a Unifrango “é uma empresa de oportunidade”. Com a associação, os produtores passaram a comprar seus insumos em pool, o que diminuiu os custos. O resultado da empreitada é que atualmente, segundo Martins, a Unifrango é a maior compradora de farelo de soja da Cocamar e considerada a segundo maior empresa do estado no setor avícola. O total de itens adquiridos em larga escala também evoluiu, passando de um produto (farelo de soja) para sete (farelo de soja, premix, lisina, metionina, cloreto de colina, fosfato bicálcico e embalagens plásticas). “Graças à associação, conseguimos comercializar o frango no atacado a R$ 2,00 o quilo”, comenta. Hoje o volume de abate da Unifrango é de 700 mil aves por dia. Dentro de 30 dias, a associação passará a comercializar o frango com a marca Unifrango para São Paulo e toda a Região Nordeste. Outra meta é um abatedouro voltado para a exportação. “Mas isso vai depender do mercado”, diz Martins. Segundo balanço da Unifrango, entre fevereiro e novembro de 2002, o movimento financeiro mensal saltou de R$ 1,2 milhão para R$ 8 milhões. Com isso a empresa superou as suas expectativas iniciais e encerrou 2002 com um faturamento estimado de R$ 47 milhões, com lucro de R$ 1,35 milhão.