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O ano dos sobreviventes para a suinocultura

Segundo estimativas da ABCS, crise no segmento fez com que pelo menos 5 mil catarinenses desistissem da atividade.

Redação SI 15/12/2003 – 06h10 – Os últimos 12 meses estão sendo chamados de “o ano dos sobreviventes” pelos produtores, indústrias e técnicos que vivem o dia-a-dia da suinocultura. Quem sobreviveu aos prejuízos do primeiro semestre, conseguiu desfrutar de um momento bem melhor a partir de agosto, quando o incremento nas exportações, o aumento no consumo, o barateamento do milho e a escassez de oferta propiciaram um aumento significativo na cotação da carne suína. Para o produtor, o quilo vivo do suíno subiu R$ 0,53 no segundo semestre. Já o consumidor arcou com aumentos de 30% nos cortes e produtos embutidos.

O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves de Concórdia, Ademir Girotto, diz que só é possível explicar o que aconteceu com a suinocultura em 2003 analisando o comportamento da atividade nos últimos 36 meses. “Os bons resultados de 2001 e início de 2002 fizeram com que a produção nacional fosse acrescida em 116 mil toneladas. Na época, existia uma expectativa de aumento das exportações para a Rússia e milho barato. O milho tornou-se raro e caro a partir do segundo semestre de 2002 e a Rússia suspendeu as importações do Estado devido aos focos da doença de Aujeszky”.

Os preços baixos no início de 2003 provocaram “o maior desperdício de material genético da história do País”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), José Adão Braun. No Brasil, foram eliminadas 350 mil matrizes para reduzir a produção. Em Santa Catarina, o número de fêmeas instaladas chegou a 305,7 mil, cerca de 70 mil a menos do que a média de 2002. A estimativa é de, no auge da crise, que pelo menos 5 mil produtores desistiram da atividade.

Para a agroindústria, o ano também foi dividido em duas partes distintas. No primeiro semestre, o embargo russo e o consumo em queda no mercado interno reduziram os lucros de todos os frigoríficos. No segundo semestre, os russos voltaram a comprar de Santa Catarina e o preço internacional da tonelada de carne suína se valorizou, voltando a superar a marca dos US$ 1 mil. “Do lado da agroindústria, pelo menos aparentemente, já que não se têm informações precisas, o desempenho da atividade não encontrou grandes problemas, uma vez que, para deleite dos acionistas, balanços têm sido publicados com resultados positivos”, afirma Girotto.