Redação SI 19/04/07 – O processo eleitoral da Associação Catarinense de Suinocultores (ACCS) teve um elemento novo neste último pleito: a inscrição de duas chapas. Ao contrário da última eleição, nesta, dois suinocultores disputaram a presidência da entidade.
Com 82% dos votos o suinocultor Wolmir de Souza foi reeleito, na semana passada, presidente da ACCS. De opiniões fortes e dono de um estilo bastante particular, Souza teve seu trabalho à frente da ACCS questionado em várias ocasiões. A expressiva votação que obteve, no entanto, mais do que reconduzi-lo à liderança da ACCS foi uma demonstração inequívoca da aprovação do trabalho desenvolvido pela entidade nos últimos quatro anos.
Em entrevista à Suinocultura Industrial, Wolmir de Souza faz um balanço de seu último mandato, fala sobre a disputa pela presidência da entidade e sobre os projetos que pretende por em prática nos próximos dois anos.
Suinocultura Industrial – Os últimos anos foram bastante conturbados para a suinocultura catarinense e, conseqüentemente, de bastante trabalho para a ACCS. Que balanço o senhor faz de seu segundo mandato?
Wolmir de Souza – Apesar de todas as dificuldades ocorridas, não podemos desmerecer o aprendizado de nossa parte. Essa é a lição que fica a todos nós suinocultores. Acredito que a crise, aliada ao trabalho forte da entidade em defesa do produtor, demarcou dois modelos distintos de suinocultura em Santa Catarina.
De um lado, o grande parque agroindustrial, com produções quase 100% verticalizada, focada na conquista de mercados mais exigentes, mas com melhor remuneração e compra de produção que agrega maior valor. E também trabalhando no mercado interno, com ênfase na linha de embutidos.
De outro lado, os produtores independentes e integrados, com produção própria, que buscam continuar no segmento, mas que precisam de aproximação com pequenos frigoríficos – que têm também um papel sério e comercial muito importante. Esses produtores precisam construir este elo com o mercado, seja ele externo ou interno, focando a venda de carne in natura.
SI – Ao contrário da última eleição da entidade, nesta, o senhor enfrentou oposição e teve que disputar a presidência da ACCS com o suinocultor José Henn. O fato de haver uma chapa de oposição nesta eleição o surpreendeu?
Souza – Na medida em que nos posicionamos, criamos espaço e é normal que isso não agrade a todos. Mas nos preocupa pela forma que surgiu esta chapa, sem que houvesse qualquer tipo de negociação. Mas depois de registrada, respeitamos e valorizamos a democracia. A entidade cresce quando há oposição.
SI – Que avaliação o senhor faz do processo eleitoral? Como encarou esta disputa?
Souza – Apesar de ser típico do ser humano não gostar de oposição, respeito e valorizo o sistema democrático em que vivemos. Talvez seja este processo eleitoral o fator mais importante ocorrido nos últimos quatro anos. Através deste processo é que há democracia, com o direito pleno e livre de escolher seus administradores, dimensionando o real valor de uma administração.
SI – O senhor teve uma votação bastante expressiva na eleição. Sua chapa recebeu 66 votos dos 80 possíveis. Em sua opinião, qual o recado das urnas? Qual o significado dessa reeleição para o senhor?
Souza – O recado é que estamos no caminho certo, que a entidade está cada vez mais forte e atuante em defesa do suinocultor. O resultado é o reconhecimento e a gratidão do setor produtivo em favor de quem teve atuação forte e participativa.
SI – O senhor esperava esse resultado?
Souza – Por mais que tenha tido as angústias pré-eleitorais, estava exatamente dentro do previsto, pelo que fizemos durante os quatro anos e pelo que sentimos nas visitas aos produtores e lideranças.
SI – A que o senhor atribui esta diferença nos votos?
Souza – Atribuo aos dois extremos: de um lado todo um trabalho sério, dedicado, experiente e comprometido com as causas dos suinocultores. Do outro a falta de experiência, ausência de uma proposta de trabalho.
SI – Esse novo mandato à frente da ACCS o afasta de uma eventual candidatura à presidência da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)?
Souza – A candidatura à presidência da ABCS não é e nem nunca foi uma obsessão minha. Coloquei meu nome à disposição – e ele sempre estará – a partir da vontade dos produtores brasileiros. Mas confesso que já estou bastante satisfeito por ser reconduzido e com tão expressiva votação ao cargo de presidente da ACCS.
SI – Quais serão as prioridades da ACCS partir de agora?
Souza – Buscar um trabalho cada vez mais profissional, dividindo responsabilidades e traçando metas, corrigindo erros e buscando o contínuo crescimento do setor e da Entidade.
SI – Quais os projetos merecerão atenção imediata?
Souza – Na área ambiental, a assinatura do Termo de Ajustamento de Condutas nas regiões que ainda faltam, dando continuidade através do comitê, das ações que precisam ser trabalhadas e onde já foi assinado também. Agora o objetivo é partir para a obtenção dos créditos de carbono e implantação dos biodigestores, buscando a produção de energia elétrica, através do biogás e tratamento dos efluentes através da compostagem.
A busca por arrecadação e continuidade dos trabalhos de marketing é outro trabalho importante. Talvez um dos principais focos de nosso trabalho, se dá na continuidade com mais profissionalismo, da busca por mercado e a reunião dos produtores independentes com pequenos frigoríficos.
Nossa maior preocupação hoje, no entanto, está na questão econômica. A crise que atravessamos devido ao embargo russo. Trabalharemos pela busca de mercado, principalmente para os suinocultores independentes e pequenos frigoríficos.