Depois de um 2009 caótico, com preços no mercado interno em queda livre e redução de 32% no faturamento das exportações, o setor suinícola gaúcho aposta em um cenário positivo para 2010. A recuperação da economia dos países compradores, em especial a Rússia, foi apontada como principal indicativo de que o ano deve ser promissor, principalmente com a retomada dos preços. Em um contexto de dólar em baixa, a expectativa é de que o aumento gradual dos preços médios se mantenha, dando condições de repetir os valores recordes de 2008.
O setor iniciou 2009 com os preços cotados em média a US$ 1,99 mil a tonelada e fechou o ano beirando os US$ 2,2 mil. “Caso continue nessa curva ascendente é bem possível que até o segundo semestre de 2010 cheguemos a US$ 2,79 mil a tonelada, como praticado em 2008”, aponta o diretor-executivo do Sindicato das Indústria de Produtos Suínos (Sips), Rogério Kerber.
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, se mostra otimista com o fato de a Rússia ter aumentado a cota de exportação para a carne suína, passando das atuais 177,5 mil toneladas para 189,6 mil. Além disso, a redução de produção por parte dos Estados Unidos, Canadá e México pode resultar na abertura de novos mercados para a carne suína produzida no País. “Podemos ocupar o espaço deixado por esses países”, aponta Folador.
Além disso, uma epidemia de Peste Suína Africana pode causar escassez de carne suína no mercado internacional, o que também pode colaborar para o aumento das exportações do Brasil e do Rio Grande do Sul. “Estamos com um otimismo moderado, sem euforia, acreditando que 2010 será um ano de recuperação para o produtor gaúcho, possibilitando cobrir os prejuízos do ano passado”, diz o dirigente.
No que diz respeito ao mercado interno, a demanda também tem permanecido aquecida, especialmente após as festas de final de ano, colaborando para manter os estoques mais enxutos, com bom reflexo nos preços ao produtor. A demanda é tanta que os frigoríficos foram obrigados a reduzir em 20 quilos o peso médio para abate, que é de 110 quilos, enquanto que em Santa Catarina e no Paraná o peso está 25 quilos abaixo. “De uma média de R$ 1,95 pago ao produtor independente em 2009, passamos para R$ 2,15 no início desse ano”, ressalta o presidente da Acsurs.
Outro ponto positivo se refere à redução de até 15% nos custos de produção, que se mantiveram acima da média em 2009, especialmente em função da valorização do dólar. Agora, perante a expectativa de uma boa safra de milho e de soja e da redução de valores de medicamentos e compostos nutricionais, a tendência é de estabilidade nos custos em 2010. “A economia como um todo no País voltou a se movimentar, com geração de emprego e renda, com previsão de incremento de 5% do PIB”, diz Kerber.
O Conselheiro Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) Cleo Fernando Colombo Barbiero informou que as últimas projeções do milho no Estado dão conta de que a produtividade deve ser 24% maior em 2010, ainda que a área plantada seja menor (-7,66%). Isto deve reduzir o preço do milho e, consequentemente, o custo de produção de suínos. “Hoje, 70% do custo de produção é referente ao milho e à soja”, enfatiza.