Redação AI 02/09/2003 – Com salário 16,4% menor que há um ano atrás, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro está mudando a fonte de proteína animal das refeições de todos os dias. Em supermercados consultados pela Folha, o consumo de ovos aumentou de 10% a 20% no último mês. No mesmo período, o preço da carne bovina subiu 5% no atacado.
“A carne está pesando no orçamento”, comentou a recepcionista Aparecida Pascoal dos Santos. Há três meses, ela costumava oferecer carne quatro vezes por semana nas refeições da família. Hoje, cozinha o alimento apenas uma vez na semana. “No resto dos dias faço ovo e verduras”, disse.
A mesma mudança foi adotada pela auxiliar de cozinha Lola Maria de Jesus. “Não dá mais para comer carne todos os dias”, reclamou. Segundo ela, a família sente um pouco de falta e reclama quando o ovo vai para a mesa. “O segredo é variar a forma de fazer”, ensinou.
As duas donas de casa reclamaram que o preço do ovo, apesar de ser menor que o da carne, também subiu. Ontem, a Folha encontrou a dúzia do produto sendo vendida até por R$ 2,49, ante R$ 1,99 no mês passado.
“Com esses preços, não sei o que vamos comer de mistura”, reclamou Aparecida.
“Sempre que a carne sobe, aumenta o consumo no setor de hortifrutigranjeiros”, comentou Maurício Fernandes, chefe de loja do Fatão.
O incremento sentido pelo varejo, porém, ainda não foi observado no atacado. Vendedores que atuam no Ceasa de Londrina informaram que o volume de comercialização se mantém estável há alguns meses. “A situação melhorou porque o preço do milho caiu, reduzindo o custo de produção. Mas as vendas continuam iguais”, afirmou o produtor Julio Yamada, que também é proprietário de um box no Ceasa.