Redação (23/07/07) – Apesar dos sucessivos recordes que o agronegócio brasileiro vem obtendo com as exportações, o Brasil ainda precisa aprimorar a sua promoção comercial no exterior. A avaliação é do secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues. “A promoção comercial do Brasil tem um razoável grau de timidez”, afirma o secretário que também é presidente da Comissão Nacional de Comércio Exterior da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Segundo Gilman Viana, o País precisa contar com a presença de adidos agrícolas nas embaixadas estratégicas, onde estão os maiores mercados mundiais. “A presença do adido agrícola é uma demanda dos setores produtivos e exportador. O trabalho do adido agrícola já existiu nas embaixadas brasileiras no exterior, mas foi extinto pelo governo federal”. O secretário explica que a ação do adido agrícola deve ser permanente para tornar dinâmica a promoção comercial e, principalmente, a identificação de oportunidades. “A promoção esporádica não é errada, mas ela não é suficiente para consolidar a imagem de um país no mercado internacional. Além disso, precisamos identificar o público e as oportunidades para que as ações sejam mais eficientes”.
O secretário de Agricultura de Minas também alerta para a dinâmica da promoção comercial. “Ainda falta velocidade no planejamento das oportunidades promocionais. Não podemos esperar que os concorrentes atuem na nossa frente”. Outro ponto levantado por Gilman Viana é a ampliação do número de países compradores para que o setor exportador não tenha grandes prejuízos caso um cliente cancele a compra de produtos brasileiros. “Novamente temos a necessidade da presença do adido agrícola nas embaixadas para fazer novas prospecções e aumentar o leque de clientes no exterior”, afirma.
Além de cobrar ações do governo federal para incrementar a promoção comercial do Brasil no exterior, o secretário lembra que o setor privado também deve se envolver com as campanhas promocionais. “Não dá para esperar que apenas o governo faça todo o marketing dos produtos brasileiros. Os interessados no resultado deste marketing também têm que arcar com os custos das campanhas promocionais”, afirma. Ele informa que, nos Estados Unidos, os sojicultores criaram um fundo para promoção do produto com recursos oriundos da venda da produção. “Só no ano passado, eles arrecadaram US$ 80 milhões para ações de divulgação da soja e derivados”.
Embargo da carne
Sobre o recente pedido do Comitê de Agricultura do Parlamento Europeu para embargar a carne brasileira na União Européia, o secretário Gilman Viana informa que os pecuaristas europeus enfrentam custos de produção muito altos e se sentem ameaçados pelo Brasil, que consegue obter um produto com custo e qualidade competitivos. “É bom lembrar que o pecuarista da Europa se sustenta com os subsídios oficiais, o que não ocorre no Brasil. E embora o produto brasileiro sofra com a aplicação tarifária – mais de 100% – ao ingressar no mercado europeu, a carne brasileira ainda incomoda os pecuaristas da União Européia.”
Além disso, segundo Gilman Viana, os dados apresentados pelos produtores europeus, principalmente irlandeses, não são oficiais. “Por outro lado, o Brasil está se expondo por demorar a aprimorar suas regras sanitárias. Os avanços estão sendo feitos, mas qualquer deslize gera oportunidades para a concorrência reclamar”.
Para o secretário, o pedido de embargo serve como uma advertência. “Temos um bom produto, mas não basta apenas anunciar nossas qualidades. Além de anunciar, é preciso que os compradores percebam essas qualidades”.
Exportações de Minas
As exportações do agronegócio mineiro cresceram 22% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. As receitas foram de US$ 2,3 bilhões e fizeram com que o Estado saltasse do quinto para o quarto lugar no ranking dos Estados Exportadores de Produtos Agropecuários. O café continua sendo o responsável por mais da metade das vendas do agronegócio mineiro para o exterior, seguido pelas exportações de carnes – bovina, suína e de aves. Na relação dos Estados brasileiros, Minas ocupa a primeira posição nas vendas de café, ovos e produtos lácteos.