Realidade em países como a Alemanha, a Itália e o Japão, o uso da energia solar ainda é tímida no Brasil. Mas o potencial é gigantesco. Para se ter uma noção, o Paraná sozinho tem um potencial 58% superior ao da Alemanha, líder no mercado global de geração de energia fotovoltaica. O Estado possui apenas 15 mini ou micro geradores de energia solar, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pesquisadores têm se debruçado sobre o tema, analisando a viabilidade de produção de energia solar no estado. E nos estudos, os engenheiros Gerson Tiepolo e Jair Urbanetz Junior concluíram que a capacidade paranaense é 58% superior a da Alemanha, onde a energia solar já cobre 6% da demanda de eletricidade e as indústrias do setor estabeleceram a meta de aumentar a produção fotovoltaica no país para 10% até 2020.
“Na Alemanha houve um incentivo muito grande para o uso da energia solar. Começou com o programa 1.000 Telhados Solares, que depois virou 100.000 telhados solares. No Brasil, porém, não existem incentivos dos governos federal ou estadual”, lamenta Tiepolo. “Hoje, você vai pagar R$ 10 por Watt instalado em um sistema pequeno. Então um sistema de 1KW (Kilowatt) vai custar R$ 10 mil”, explica.
Segundo o professor da UTFPR, especialista em energia solar, os sistemas fotovoltaicos aidna assim seriam mais vantajosos, por exemplo, do que as hidrelétricas por não exigirem a construção de usinas, e também são mais baratos do que a energia de termelétricas, que usam combustíveis fósseis, que emitem gases do efeito estufa.
“A energia solar contribui muito com o desenvolvimento sustentável. A hidrelétrica é o carro chefe e continuará sendo na produção de energia elétrica no Brasil pelas próximas décadas, mas os sistemas fotovoltaicos podem complementar, ajudando a economizar a água de reservatórios”, diz Tiepolo. “Nos próximos anos, a demanda de energia deve crescer 4,8% anualmente no Brasil. O custo de energia também vai subir. E o Paraná tem um capacidade de produção de energia solar impressionante, muito acima do que as pessoas acreditam. Temos capacidade de gerar tanta energia quanto Itaipu”, finaliza.
Uso – O uso da energia solar em residências e empresas brasileiras começou a crescer a partir de 2012, quando foi publicada a Resolução 482 Aneel, que estabeleceu as condições gerais para a conexão à rede da microgeração e minigeração distribuída no Brasil, criando o Sistema de Compensação de Energia, que permite que sistemas fotovoltaicos se conectem a rede elétrica, atendendo o consumo local e injetando o excedente na rede, gerando créditos de energia – na prática, descontos na conta de luz. Em março, segundo a Aneel, existiam 83 instalações desse tipo. Hoje já são 165. Entretanto, os custos ainda são altos e os incentivos, poucos.
“Hoje, os principais problemas enfrentados pelo setor são a falta de mão de obra qualificada, o processo burocrático das regras e critérios técnicos de conexão à rede, impostos cobrados pelas concessionárias de energia, a carência de incentivos governamentais e a falta de disseminação da informação de toda a sociedade”, afirma Patrícia Takemasa, diretora de marketing da Solar Energy Brasil, empresa que realizou o projeto do primeiro sistema conectado a rede concessionária, o Escritório Verde da UTFPR.