Redação SI (24/11/06) – A Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS) promoveu ontem (23/11), em São Paulo, o 1 Simpósio de Qualidade da Carne Suína para Nutricionistas.
O objetivo central do evento foi levar informações atualizadas e de cunho científico sobre as características nutricionais da carne suína para um público formador de opinião e cuja atuação é determinante para o consumo dessa proteína no País: os nutricionistas. “A idéia de realizar este simpósio nasceu dos resultados de uma pesquisa de mercado feita anos atrás pela ABCS e que revelava que dois segmentos formadores de opinião – a classe médica e de nutricionistas – tinham grande carência de informação a respeito da carne suína”, explica Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da APCS. “Como a ABCS iniciou um novo trabalho de marketing da carne suína, a APCS entendeu que poderia colaborar reunindo os nutricionistas do Estado de São Paulo para que eles pudessem ter contato com novos estudos e informações sobre nosso produto”, completa.
“Simpósio foi uma excelente oportunidade para desmistificar o consumo da carne suína entre formadores de opinião como são os nutricionistas”, afirmou Alberto José Macedo Filho, Secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo |
A estrutura do evento chamou a atenção dos participantes. Além das apresentações para as quais foram especialmente convidados profissionais da área da medicina humana e veterinária, além de uma nutricionista o simpósio contou com uma sessão de degustação de pratos à base de carne suína. O evento foi também uma boa oportunidade para apresentar aos profissionais da nutrição os novos cortes de carne suína desenvolvidos pelo Centro de Tecnologia da Carne, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (CTC/Ital) e pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) para a Campanha “Um novo olhar sobre a Carne Suína”, que visa o incremento do consumo dessa proteína no Brasil.
Atualizando conhecimentos – A julgar pela opinião de alguns participantes o evento cumpriu o objetivo a que se propôs. “A qualidade nutricional da carne suína é um assunto de suma importância para nós nutricionistas. Desde a faculdade que ouvimos falar que a carne bovina é a proteína mais saudável para a nutrição humana. Precisamos de informações sérias e confiáveis sobre a carne suína e este evento foi uma excelente oportunidade para obtê-las”, comenta Ernane Silveira Rosas, presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (Sinesp).
Para a nutricionista Renata de Oliveira Pricinato, a forma como o simpósio foi estruturado estimulou a participação do público e facilitou a obtenção de informações. “Gostei muito do evento, da sessão de degustação e, principalmente, das palestras. Através delas foi possível aprender bastante coisa”, afirma. “Surpreendeu-me, no entanto, a apresentação dos novos cortes de carne suína disponíveis hoje no mercado. Desconhecia a grande maioria deles”, diz.
Já para a nutricionista e consultora da área de alimentos, Sônia de Oliveira, de maneira geral, todos os dados e informações apresentados durante o simpósio já são de conhecimento dos profissionais da área de nutrição. “Acredito que a grande maioria dos nutricionistas saiba que a carne suína é uma proteína extremante saudável e imprescindível para qualquer dieta”, afirma. Segundo ela, embora seja importante para o segmento suinícola estar em constante contato com a classe de nutricionistas, o aumento do consumo da carne suína no Brasil exige investimentos em ações de marketing, na disponibilização de cortes “mais práticos e atrativos” para o consumidor atual e na divulgação de informações qualificadas e de cunho científico para dirimir os preconceitos que ainda existem em relação ao consumo de produtos suinícolas. “Tornar o preço da carne suína mais atraente, ou seja, baratear seu custo nos postos de venda também é uma ação imprescindível”, opina.
Consumo no Brasil – Iniciativas como esta, são sempre bem vindas. O consumo de carne suína no Brasil ainda é muito pequeno quando comparado ao de outros países. No Paraguai, por exemplo, o consumo per capita de carne suína é de 30 quilos ante 11,5 quilos no Brasil.
Na verdade o Brasil anda na contramão do mundo. Apesar de sofrer restrições de ordem religiosa – devido a preceitos religiosos a carne suína não é consumida atualmente por 34% da população mundial a carne suína segue sendo a proteína animal mais consumida. Só para se ter uma idéia, 42% da carne consumida no mundo é suína, 33% é frango e 24% carne bovina.
Grande parte do baixo consumo no Brasil pode ser explicada pela forma como se consome esse tipo de proteína animal no País. Atualmente 65% da carne suína consumida no Brasil é feita sob a forma de industrializados. Apenas 35%, ou 4 quilos por habitante ao ano, sob a forma de carne in natura.
Por apresentar essa configuração de consumo, sempre que ocorre um problema econômico que afete a classe média – e que signifique redução do poder aquisitivo – o consumo de carne suína sofre conseqüências, pois é exatamente nos produtos industrializados de maior valor agregado é que ocorre a queda do consumo.
Diante de um consumo interno inexpressivo (frente a seu potencial), o suinocultor decidiu “saltar a porteira” e cuidar ele mesmo da comercialização de seu produto. Hoje todo o trabalho da ABCS e de suas afiliadas com o lançamento da Campanha “Um novo Olhar sobre a Carne Suína” – se concentra no aumento, no mercado doméstico, do consumo da carne suína in natura.
“O evento atendeu a nossas expectativas. Mais do que trazer os nutricionistas conseguimos criar um canal direto e aberto com as nutricionistas aqui presentes. Todos os participantes do evento foram devidamente cadastrados para que a APCS possa enviar sempre que necessário informações atualizadas sobre a qualidade da carne suína”, comenta Ferreira.
Cerca de 160 nutricionistas participaram do Simpósio que contou com a participação Secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Alberto José Macedo Filho, e do coordenador da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro) Sílvio Manginelli.