O Produto Interno Bruto do agronegócio brasileiro encolheu R$ 45 bilhões em 2009. Estudo divulgado ontem (10/02) pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) aponta uma retração próxima de 6% no PIB do setor no ano passado. Em 2010, os resultados negativos devem virar estagnação, de acordo com previsão da CNA.
Os cálculos, feitos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP), mostram que os produtores sofreram um processo de “descapitalização”, o que deve exigir do governo maior oferta de linhas de capital de giro. “Os preços foram bons, a comercialização fluiu, mas o produtor rural perdeu renda em 2009”, disse a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO).
Para 2010, a CNA já reduziu suas previsões de crescimento de 5% no faturamento bruto da produção de lavouras e da pecuária para apenas 0,5%. Isso deve afetar diretamente as previsões para o PIB do agronegócio, afirma a chefe de Assuntos Econômicos da CNA, Rosemeire dos Santos. Alguns segmentos também enfrentaram, segundo ela, problemas como a quebra de 1 milhão de toneladas na safra de arroz.
O estudo CNA-Cepea aponta que entre janeiro e novembro de 2009 o PIB acumulava queda de 5,66%. Em novembro, houve uma forte retração de 0,47%, semelhante ao recuo de 0,5% de outubro. Assim, o PIB do setor voltará ao nível de 2007, quando somou R$ 714 bilhões – em 2008, a soma foi a R$ 764,6 bilhões.
A análise dos dados mostra que o agronegócio da agricultura, que reúne produção primária, distribuição, indústria e setor de insumos, apresentou recuo de 6,13% nos onze meses pesquisados em 2009. No mesmo ritmo negativo, o agronegócio da pecuária encolheu 4,54% no período. Nas lavouras, as perdas mais significativas ocorreram no algodão, amendoim, café, feijão, laranja, mamona, milho e trigo. “Houve recuo de preços e volumes comercializados”, diz Rosemeire dos Santos. Na indústria, a área de óleos vegetais sofreu a mais forte retração. A redução chegou a 17% no PIB ao longo do ano, refletindo os problemas de demanda no mercado externo.
A presidente da CNA afirmou que um dos efeitos gerados pela queda de renda foi a redução no volume de entrega de fertilizantes para o plantio da atual safra 2009/2010. Na pecuária, a baixa rentabilidade na comercialização dos rebanhos de animais levou os produtores a deixar de comprar os compostos nutricionais para alimentar o gado.
“Eles optaram pelo uso do milho, o que também prejudicou a indústria de rações”, disse a senadora Kátia Abreu. Em tom de alerta ao governo, a presidente afirmou que a queda de renda do setor rural em 2009 exigirá “atenção especial” da política agrícola no médio prazo.