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Plantéis serão reduzidos

A falta de milho está pressionando a redução do plantel suíno em SC.

Redação SI 20/11/2002 – A escassez de milho que deve se prolongar em 2003 tende a agravar ainda mais a crise da suinocultura. Produtores de Santa Catarina já estão matando seus animais com a intenção de reduzir o plantel, por falta de ração, disse ontem o presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Paulo Tramontini. Segundo ele, também o Paraná e o Rio Grande do Sul deverão abater seus animais, porque não dispõem de estoques de milho suficiente para a alimentação do plantel.

””Com a falta do milho quem não está matando seus animais, também não está cobrindo as fêmeas para evitar nascimento de animais que não poderão mais ser alimentados””, explicou. Tramontini esteve em Curitiba para o lançamento da campanha ””Sabor e Saúde”” de incentivo ao consumo de carne suína no Paraná. Para o criador, o custo do milho está tão elevado que inviabiliza a produção de suínos. Ele disse que do ano passado para cá, o custo do cereal dobrou enquanto os preços de cortes dos suínos vendidos ao varejo permanecem os mesmos.

Política equivocada – Tramontini atribuiu o prolongamento da escassez de milho a uma política equivocada do governo federal de acabar com os estoques reguladores de milho. Na opinião dele, não se pode eliminar toda uma política de abastecimento, porque os estoques de grãos não eram bem administrados. Segundo o criador, o governo federal deveria identificar e punir quem desviava estoques, mas não podia acabar com a estratégia que garantia o insumo ao setor agroindustrial no período de entressafra.

O fim da política de estoques reguladores de grãos abriu espaço para a especulação, disse Tramontini. Segundo ele, existem estoques de milho, mas estão em poder de grandes indústrias e cooperativas, que fizeram seus próprios estoques. Os pequenos e médios criadores independentes, que não dispõem dessa estrutura, ficaram sem o cerela, que é o principal insumo da atividade, disse. Para o criador, houve demora dos técnicos do governo em diagnosticar a crise.

Tramontini entende ainda que o resultado dessa política equivocada fez o País voltar ao passado com o retorno das exportações do milho em grão. ””O governo parece que não percebeu que estamos exportando matéria-prima para os nossos principais concorrentes, que são os países da União Européia. Precisamos exportar os produtos com valor agregado, que é a carne””, acrescentou. Segundo Tramontini, ””estamos repassando o ouro para os concorrentes””.