A produção mineira de mamona deve alcançar, na safra 2009/2010, um aumento superior a 9%. Serão colhidas quase 10 mil toneladas, na comparação com as 9 mil toneladas registradas no período anterior, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esses números são motivados principalmente pela perspectiva de vendas cada vez maiores para a indústria de biodiesel, que já mistura o óleo ao combustível na proporção de 4% e deverá aumentar para 5%, dentro de quatro anos.
Segundo a Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), enquanto Minas Gerais apresenta mais um período com números positivos para a produção de mamona, a colheita da oleaginosa no país aponta para retração superior a 20%. “O Brasil deve colher cerca de 92,8 mil toneladas de mamona em 2009, na comparação com as 120,5 mil toneladas do ano passado”, observa o superintendente João Ricardo Albanez, com base nos dados do IBGE. Está prevista também uma diminuição da área colhida no país enquanto o Estado deve registrar aumento.
O superintendente considera de fundamental importância para o crescimento da produção em Minas o estímulo aos agricultores do Norte de Minas, que responderam na safra passada por uma participação de 88,1% no total do Estado, ou quase 8,7 mil toneladas. “Há produção de mamona também nas regiões do Jequitinhonha/Mucuri, Noroeste e Zona da Mata, mas os melhores resultados são do Norte do Estado”, enfatiza Albanez. “Nos últimos quatro anos, segundo o IBGE, houve um salto na produção da oleaginosa em Minas, de 3,4 mil toneladas para as quase 10 mil toneladas da estimativa atual”, explica.
Para o superintendente, o volume de produção aumentou com a perspectiva de implantação de projetos voltados para o biodiesel no Estado. “Isso se tornou realidade por meio da parceria da Emater-MG com a Petrobras Biocombustíveis, que implantou a Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, em Montes Claros”, acrescenta.
Os plantios para atender à usina, em 2008, foram da ordem de 6,4 mil hectares, sendo aproximadamente 80% de mamona e o restante de girassol, além de uma parcela de coco de macaúba. A duração de cada contrato é de cinco anos e inclui a garantia de preço mínimo negociado antecipadamente com as associações e cooperativas. Além disso, a usina se compromete a fornecer as sementes das oleaginosas e o transporte da safra.
De acordo com o coordenador do Programa de Biodiesel na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Jader Murta, os trabalhos de acompanhamento direto aos produtores foram iniciados com uma equipe de 90 técnicos. Nesse grupo, há 72 extensionistas de campo, que fazem o cadastro dos agricultores e orientam a produção. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), outra vinculada à Seapa, também é parceira no programa do biodiesel, fornecendo as pesquisas de oleaginosas específicas para o Norte de Minas e doando sementes aos produtores.
Murta informa que os produtores recebem, atualmente, cerca de R$ 0,96 por quilo de mamona colocada na usina. “A Petrobras compra o produto em bagas, faz a limpeza, descasca, esmaga e assim consegue o óleo bruto, que em seguida é vendido em leilão para as refinarias”, assinala. A etapa seguinte é a mistura do material com o óleo diesel. Segundo o coordenador, os resíduos de mamona também dão lucro para a usina, porque são vendidos como adubo de excelente qualidade. “O material pode ser utilizado nos cultivos em geral e tem a preferência dos produtores de banana”, informa.
Meta dobrada
A meta da Emater-MG, dentro da parceria com a usina da Petrobras, é integrar 10 mil agricultores familiares ao programa na safra 2009/2010. “Na safra passada, participaram aproximadamente 4 mil produtores”, explica Murta. Está prevista a produção de mamona em 19 mil hectares de oleaginosa para atender ao processamento. A Petrobrás necessita de um volume da ordem de 20 mil famílias para atender à usina de Montes Claros. Esse contingente deverá responder por 40 mil hectares na próxima safra. Para isso, a empresa conta com fornecimento complementar de outros grupos de produtores organizados.
Para o superintendente João Ricardo Albanez, a produção de biodiesel representa boas perspectivas também para os agricultores familiares que produzem algodão e amendoim, entre outras culturas que apresentam alto rendimento no semi-árido.