Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Suinocultura

PNDS ganha força no Paraná

Palestra para médicos e nutricionistas lança evento-protótipo do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura. "Nosso intuito é trazer a carne suína para o dia-a-dia", diz Irineu Wessler.

A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos reuniu na noite de ontem, no centro da Unimed de Francisco Beltrão, cerca de 50 médicos e nutricionistas em palestra para o lançamento do evento-protótipo do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), liderado em parceria com o SEBRAE Nacional e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Para ampliar o conceito do novo olhar sobre a carne suína, o evento contou com a palestra da nutricionista e professora da Faculdade de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP), Marina Borelli Barbosa, que abordou as qualidades nutricionais da carne suína e seus benefícios para a saúde. “Ao longo dos anos, a carne suína apresentou uma mudança em sua composição nutricional, proporcionando altos índices da gordura considerada boa (monoinsaturados), sendo próximo ou inferior ao teor de colesterol das outros tipos de carne. Temos conhecimento que o sabor e a textura da carne suína têm grande aceitação pelas pessoas e por isso, é importante desmistificar a relação da carne suína com aumento do colesterol ou de doença”, explica. A nutricionista ainda destacou que a qualidade das técnicas empregadas na cadeia produtiva permite disponibilizar produtos de alta qualidade nutricional, preparados de forma adequada para manter o sabor e com cortes magros, ideais para o consumo.
Irineu Wessler, presidente da associação, apresentou a evolução da produção da suinocultura no Brasil e, como conseqüência, a melhora na qualidade da carne. “O Brasil é o quarto maior produtor de carne suína do mundo, conta com mais de 60 mil granjas e atingiu esse lugar com uma produção tecnificada e certificada na inspeção governamental em todos os seus níveis. Nós estamos aqui para fazer com essa informação chegue até os consumidores, que eles saibam a qualidade do nosso produto e os benefícios que ela pode trazer à saúde”, disse Irineu.
O presidente ressalta que o evento-protótipo realizado em Beltrão irá se repetir nos estados participantes no PNDS e explica que diversas ações aconteceram na cidade simultaneamente, entre elas cursos, treinamentos e prospecção de novos nichos de mercado. “O evento é extremamente abrangente, nosso intuito é trazer a carne suína para o dia-a-dia, e para isso é preciso uma mobilização e sensibilização do município como um todo. Por isso, nosso trabalho com os supermercados e açougues, para que o consumidor possa encontrar na gôndola os cortes que desejar e que isso possa ser mantido mesmo com a finalização do evento”, conta. Segundo ele, as ações realizadas em Beltrão são “apenas uma parte de todo o projeto para o desenvolvimento da suinocultura nacional”.

Durante a apresentação, o médico Kit Abdala, pediu a palavra para falar sobre o assunto e abordou um artigo escrito pelo professor da Universidade de Austin no Texas, Wilson Woodworse, divulgado no jornal da Universidade Johns Hopkins. Segundo Abdala, no artigo o professor apresenta as qualidades nutricionais da carne suína e desmistifica a carne de frango como a mais saudável. “Nesse material encontramos uma discussão entre radicais livres e antioxidantes. O primeiro é encontrado na pele de frango que ao ser cozinhada libera purina e essa, por sua vez, libera radicais livres, extremamente nocivos à saúde. Já a carne suína, rodeada de tantos preconceitos e mitos de que não faz bem a saúde, é a proteína que mais contém antioxidantes, que protegem o organismo preventivamente”, explica.
Estudioso e conhecedor da cultura de vários países, Abdala elogiou a iniciativa da Associação em combater o preconceito e apresentar ao consumidor a carne suína do jeito que ele deseja consumir. “Realizei treinamento médico em mais de 80 países através da universidade Johns Hopkins e conheci países como Suécia, Alemanha e Áustria que, há 50 anos, tinham um índice extremamente baixo de consumo da carne suína. Hoje, estão entre os países que mais importam a carne” conta. Para o médico, “essa mudança de comportamento é reflexo da transmissão de informação correta. É isso que o Brasil está buscando, informar e oferecer as melhores formas de consumir a carne”.

Carne suína no ambiente hospitalar

Em conversa durante o jantar, a nutricionista do Hospital Regional do Sudoeste, Letícia Sokoloski, mostrou interesse pelo trabalho realizado pela associação e sugeriu a implantação da carne suína na refeição diária do hospital. O diretor de comunicação e marketing da ABCS, Fernando Barros, conta que há um projeto para o desenvolvimento de cartilhas para refeições coletivas e que surgiu daí criar um material direcionado à área hospitala. “O PNDS nos possibilitou desenvolver materiais que irão auxiliar no aumento do consumo de carne suíno e o nicho de refeições coletivas é um espaço pouco explorado pela nossa carne”, explica.
Letícia Sokoloski conta que as cartilhas serão desenvolvidas a partir das necessidades do hospital e que o cardápio atenderá tanto os funcionários quanto os pacientes. “A falta de informações e o preconceito em relação à carne distanciam ela de uma alimentação considerada saudável. A explicação da nutricionista Marina, nos trouxe uma nova visão e o reconhecimento de que carne suína tem sim valores nutricionais relevantes para saúde”, conta.
A nutricionista Semíramis Domene, mestre e doutora em Ciência da Nutrição pela Unicamp, será a coordenadora das cartilhas, segundo o diretor de comunicação e marketing da ABCS. “Nosso objetivo é apresentar essas cartilhas em todos os hospitais da região do Paraná e expandir esse conceito para todos os hospitais do Brasil. A ABCS tem meta o aumento de 2 kg per capita em três anos, e para isso é preciso não só derrubar o preconceito, mas alcançar mercados onde a carne suína ainda não foi explorada em todo seu potencial” finaliza.