Redação (22/11/06) – A conclusão, divulgada ontem durante um seminário realizado na Embrapa Suínos e Aves, empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Concórdia (SC), é inédita. Ela faz parte de um estudo que está sendo feito pelo Embrapa em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Universidade do Contestado (UnC). Não há dúvida que esse impacto é muito alto, garantiu Mauro de Rezende Lopes, da FGV.
Essa é a primeira vez que se mostra mais claramente como o Custo Brasil (nome dado ao conjunto de tributos e despesas para se produzir um bem no país) atinge a competitividade da avicultura catarinense, a melhor do país. Desde o ano passado, os pesquisadores da Embrapa, da FGV e da UnC levantam dados para mostrar até que ponto as ações do poder público interferem nos resultados da produção de frango de corte. É claro que todos sabem que há uma interferência. Mas, pela primeira vez, será apontado até onde vai essa interferência, tanto as positivas quanto as negativas, explicou Dirceu Talamini, economista da Embrapa Suínos e Aves.
Um exemplo da importância das políticas públicas para um setor da economia vem da Argentina. O Brasil exportava, até 2003, 50 mil toneladas anuais de frango para os argentinos. Mudanças no sistema tributário fizeram com que a Argentina, em poucos anos, não comprasse mais um quilo de frango brasileiro e ainda atingisse exportações anuais de um milhão de toneladas.
Os argentinos aspiram assumir o segundo lugar no ranking das exportações de frango. No que depender do sistema tributário deles, isso acontecerá logo, afirmou Mauro Lopes.
É importante, segundo os pesquisadores que participam do projeto
Competitividade Regional e o Efeitos das Políticas Públicas sobre o
Desempenho das Cadeias Produtivas de Suínos e Aves no Sul e Centro-oeste, que os governos percebam como a avicultura de corte paga uma conta que não é sua. Caso fossem solucionados os problemas relacionados com as políticas públicas, certamente o dinheiro que desaparece para cobrir o Custo Brasil seria distribuído ao longo da cadeia, beneficiando produtores, trabalhadores, empresários e consumidores. Não há dúvida que vale a pena o engajamento de lideranças políticas, empresariais, comunitárias e vinculadas aos produtores para abrir um debate com o poder público sobre as questões levantadas pelo estudo que apresentamos, sugeriu Dirceu Talamini.