O preço insatisfatório que o criador independente de suínos está recebendo pelo quilo da carne tem provocado uma mudança no perfil da suinocultura do Rio Grande do Sul. Há cinco anos, o número de criadores independentes no estado correspondia a 50% do total. Agora, esse número diminuiu para apenas 15%.Muitos têm procurado o sistema integrado de produção.
O criador independente de suínos, Edson Gross, vive em Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul, e entrega para os frigoríficos em torno de 1,1 mil cabeças por mês. Atualmente, ele recebe R$ 2,30 pelo quilo do animal vivo – praticamente o mesmo preço de novembro do ano passado. O produtor considera o valor baixo, já que é ele quem arca com todos os custos da atividade.
Segundo Edson, ele só consegue se manter na suinocultura por que tem outras atividades no campo. “Eu tenho produção de milho própria, então a lavoura carrega o prejuízo da suinocultura. Se o proprietário não tem outro negócio paralelo, não existe milagre e acaba fechando, diminuindo a produção, como já temos inúmeros casos principalmente no sul do Brasil”, garante.
Diferente da criação independente, no sistema integrado o frigorífico é que assume a maior parte dos riscos do negócio. O criador recebe na propriedade o leitão, a ração e assistência técnica. Ficam por sua conta a manutenção da granja e as despesas com água e luz, além do trabalho de cuidar dos animais.
O criador Vitor de Conti, por exemplo, desistiu da produção independente e agora é integrado. Ele engorda 1,2 mil porcos por mês no município de Rolador, região das Missões. “Quando trabalhávamos como independente ficávamos na mão do mercado, tanto dos insumos, do custo de produção e do mercado de venda que os frigoríficos nos pagavam. Isso, ao longo dos últimos anos, se mostrou muito deficitário e o preço que a gente recebia do frigorífico não pagava o custo de produção”.