Redação (22/02/07) – Os preços caíram e já tem criador pensando em abandonar a atividade. Este mês o criador Ademir Adanczuk paga a última prestação do financiamento que fez para dobrar a produção de suínos. Há sete anos, quando ampliou as instalações, o produtor imaginava que nesta época estaria comemorando e que, agora sim, teria uma folga no orçamento. Mas não foi bem assim. No fim do ano passado a empresa a qual era integrado cancelou o contrato. Hoje ele precisa procurar novos compradores e, pior, não recebe nem para as despesas.
Para quem chegou a ganhar R$ 3,40 por quilo há menos de dois anos, hoje consegue no máximo R$ 1,65. O jeito é tirar o lucro da lavoura de soja e de milho para pagar o prejuízo da granja. “Está difícil esta situação. A instalação está toda nova e abandonar é difícil, mas quem sabe vai ser a melhor solução antes que nós percamos tudo se continuar esse prejuízo que temos”, constata senhor Ademir.
Tudo começou em 2005, quando muitos suinocultores tiveram incentivo das empresas para ampliar a produção. Só que no fim do mesmo ano os focos de febre aftosa no gado de Mato Grosso do Sul refletiram na exportação de suínos, e as vendas para o exterior despencaram. Em 2006 o Brasil exportou 100 mil toneladas a menos que em 2005.
O que deixou de ser exportado agora precisa ser consumido dentro do país, mas isso não acontece de uma hora para a outra. Ou seja: está sobrando carne de porco no mercado. Os altos estoques reduzem o preço, e quem paga por isso é o produtor.
Para o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Norte do Paraná, José Luiz da Silva, só uma intervenção do governo federal poderia combater a crise no setor. “Pedimos ao governo federal que, através da Conab, compre o excedente de mais ou menos 200 mil cabeças de suínos e coloque em seus estoque reguladores, a fim de desovar essa mercadoria de preferência nas suas entidades, como exército, como penitenciária, merenda escolar, fazendo assim com que a carne nem volte ao mercado”, declara ele.
De acordo com a Conab, a carne de porco não faz parte dos produtos beneficiados pela política de garantia de preços mínimos. Portanto, o governo não poderia comprar o produto diretamente dos suinocultores.