Redação AI 20/09/2002 – Na primeira quinzena de setembro os preços do frango começaram a reagir, depois de um longo período estagnados. Esta elevação pode ser atribuída a vários fatores, entre eles o momento de recomposição de estoques do setor varejista, o câmbio favorável às exportações – o Brasil é tradicional vendedor do produto para o mercado externo – e também à recente alta dos preços da carne bovina, que desloca parcela significativa dos consumidores para as chamadas proteínas alternativas, como a carne de frango e a de suínos.
Segundo um levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) do Paraná, na semana de 9 a 13 de setembro o preço médio do quilo do frango resfriado no atacado do estado ficou em R$ 1,82. Este valor é quase 16% superior aos R$ 1,57 da média do mês de agosto, sinalizando uma tendência de recuperação. Ao produtor, o preço do frango vivo superou R$ 1,00 por quilo pela primeira vez no ano.
Segundo Roberto de Andrade Silva, analista do Deral, a principal razão para esta recuperação dos preços é o aumento da demanda dos supermercados. “Depois de um período de promoções, foi preciso recompor os estoques”, explica. Prova disso é que a alta das cotações se deu justamente nos primeiros dez dias do mês, quando o movimento no varejo está mais aquecido.
Crise
Mas esta reação não esconde uma realidade ainda desfavorável à atividade. Se comparado ao mês de janeiro deste ano, a média de preços da semana passada registrou valorização de apenas 4%. Quase nada, se levado em conta que o principal insumo da produção de aves de corte, o milho, já teve seu valor elevado em cerca de 50% no período. Ou seja, se no início de 2002 eram necessários aproximadamente 6,5 quilos de frango para comprar uma saca de 60 quilos de milho, hoje a proporção é de 9,6 quilos por saca. Ou seja, a rentabilidade é bem menor.
As dificuldades enfrentadas pelo setor poderiam ser muito maiores, porém, não fosse a estrutura de produção observada no estado, com grande predominância da integração indústria-produtor em relação ao esquema independente. Segundo o analista do Deral, isto explica porque a crise é mais severa entre os suinocultores que os avicultores. “Como as empresas integradoras fornecem os insumos aos produtores, a alta dos custos é menor”, explica o analista.
Além disso, o bom desempenho do mercado externo vem criando uma atmosfera de otimismo no setor. Em julho, conta o analista, as exportações brasileiras de carne de frango registraram volume recorde: foram embarcadas 139,6 mil toneladas, 45% a mais que no mesmo período de 2001 e 16% acima do recorde anterior – 119,8 mil t, de outubro do ano passado.
A receita cambial do mês totalizou US$ 114,1 milhões, 4% superior aos US$ 109,9 milhões de julho de 2001. O preço médio, porém, permaneceu em queda. Em julho a cotação média foi de US$ 817,42 por tonelada, 28,5% a menos que no mesmo período do ano passado, quando o resultado foi de US$ 1.143,19.