Redação (16/08/06)- O fim do embargo russo anunciado na quinta-feira da semana passada fez com que o preço do suíno vivo pago ao criador dobrasse. O valor do quilo subiu para R$ 2 nos últimos dias ante a média de R$ 1 praticada desde outubro de 2005, quando a Rússia suspendeu as importações de carnes bovina e suína de Mato Grosso e mais 7 Estados.
A suspensão do embargo retomou as perspectivas positivas de comercialização do produto à Rússia, já que esse mercado corresponde a 60% da exportação nacional de carne suína. Ainda sem atingir os patamares de vendas anteriores ao embargo – que era de R$ 2,15 – os produtores estaduais já apontam para uma margem de lucro positiva.
O balanço do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) reflete o que significou para os exportadores o embargo. Segundo dados do CIN de janeiro a julho de 2006 foram exportadas 1 mil toneladas de carne suína, enquanto no mesmo período de 2005 foram 3,5 mil toneladas.
Os reflexos da reabertura do mercado russo teve sinais imediatos na indústria frigorífica estadual. O frigorífico Excelência, o primeiro em vendas no ranking estadual, por exemplo, responsável por 25% das exportações do Estado, programa para as próximas semanas o envio de 20 conteineres para a Rússia, o equivalente a 500 toneladas de carne suína, apenas no primeiro mês de liberação do produto.
Atualmente 19% da produção de carne suína brasileira é vendida para o mercado externo. Desse total, 76% são cortes e 24% carcaça. O mercado externo é bastante promissor, conforme o gerente de Marketing da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Fernando de Barros, já que 42% da proteína animal consumida no mundo provem da carne suína.
Apesar de positivas as negociações com mercado externo, o presidente da ABCS, Rubens Valentinne, não acredita que a abertura de mercado russo para a carne suína represente vantagens para os produtores brasileiros. “Só tínhamos esse mercado porque o nosso preço é competitivo. A Rússia tem condição de produzir carne suína, por isso o foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul foi o pretexto que o governo russo queria para embargar as importações brasileiras”. Para ele, os olhares do mercado de suínos devem ficar voltados ao mercado interno. “Se aumentarmos em um quilo o consumo per capita brasileiro, teremos toda a produção de Mato Grosso abastecendo o mercado nacional”.