Redação (25/07/2008)- Os abatedouros conseguiram melhores resultados do que os frigoríficos neste último mês, em São Paulo. A carne de aves reagiu 11,76%, passando de R$ 2,55 o quilo em 23 de junho para R$ 2,85/quilo no último dia 23, segundo a Scot Consultoria. A carne bovina teve queda de 10,51% no mesmo período e variou de R$ 5,42 para R$ 4,58/quilo, também no atacado paulista. A tendência, segundo Fabiano Tito Rosa, consultor da Scot, é de que as carnes sigam em alta no segundo semestre.
A tendência de médio prazo, para todas as carnes, é de que os preços se mantenham em alta. Para o consumidor, vale o alerta de que a inflação no campo tem superado a inflação que ocorre na cidade, de acordo com Tito Rosa. "Se a dona de casa está reclamando de pagar 20% a 30% mais caro pela carne este ano, imagine o produtor rural que tem que arcar com preços 67% mais altos para o milho e 85% mais altos para os suplementos minerais, por exemplo", diz. O milho é uma das matérias-primas fundamentais para as rações de aves, suínos e bovinos confinados. Na comparação de julho de 2007 a julho deste ano, a tonelada do milho passou de R$ 275 para R$ 458,33.
O repasse do aumento de custos já tem sido feito e, para Otto Jox, da Jox Assessoria Agropecuária, é o fator que explica a alta que vem ocorrendo nos preços do frango. Além desse motivo, Tito Rosa, da Scot, acredita que o aumento das cotações também ocorreu por aumento de demanda. Para o consultor, alguns consumidores migraram da carne vermelha para a de aves, devido à reação de preços da carne bovina no primeiro semestre.
De um mês para cá, a queda de preços da carne de boi é explicada justamente pela dificuldade dos frigoríficos em fazer o repasse da alta da arroba do boi. Nos últimos dois meses despontou o problema da inflação e se agravou recentemente a situação de queda do poder de compra do consumidor, o que explica essa dificuldade da indústria para fazer o repasse. No caso do boi, a Scot lembra que o país atravessa um período de ajuste produtivo, em função do abate de matrizes e da redução de investimentos verificadas entre 2002 e 2006. A estimativa de produtores é de que a oferta se normalize a partir de 2011.