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Preços melhores animam suinocultura

Desde meados do ano, a suinocultura goiana vem se recuperando da recente crise que abalou o setor, mas teme que o processo possa ser abortado pela falta de uma política de estabilização para a atividade.

Redação SI 03/12/2003 – 05h30 – Desde meados do ano, depois de 18 meses de profunda crise, a suinocultura goiana vem se recuperando lentamente, mas teme que o processo possa ser abortado pela falta de uma política de estabilização do setor.

A avaliação é do presidente da Associação Goiana de Suinocultores (AGS), Eugênio Arantes Pires, que reivindica do governo, dentre outras medidas, a instituição de linha de crédito com juros especiais, que permitam ao suinocultor carregar seus próprios estoques de milho, e formação de um estoque oficial regulador do produto no Estado, que corresponda a pelo menos 10% da demanda.

O presidente da AGS admite que o setor ganhou rentabilidade nos últimos meses o preço médio do quilo vivo está atualmente ao redor dos R$ 2,30 , mas argumenta que o suinocultor ainda está longe de recuperar o que perdeu durante a crise. “Chegamos a vender o quilo vivo a R$ 1,40 em setembro do ano passado, no auge da crise, perdendo em média R$ 30,00 por animal comercializado”, diz Eugênio Arantes. Segundo ele, a preocupação agora é no sentido de prevenir eventuais percalços que possam frustrar as boas perspectivas de recuperação do setor no próximo ano.

Conforme Eugênio Arantes, um desses temores é com relação ao abastecimento de milho, visto que todos os levantamentos indicam queda de produção na safra 2003-2004. Ele argumenta que o produto constitui 70% dos custos de produção na suinocultura, o que o torna o fiel na balança no desempenho do setor. “Se o milho subir muito acima do preço atual de R$ 18,00 a saca de 60 quilos, provavelmente voltaremos a ter problemas”, diz Eugênio Arantes, que atribui a crise iniciada em 2001, em grande parte, ao desabastecimento de milho e a conseqüente explosão dos preços do produto no mercado, chegando a R$ 30,00 a saca.

O presidente da AGS explica que a crise se aprofundou ainda mais porque o encarecimento da ração levou o segmento a descartar cerca de 300 mil matrizes em 2002, gerando elevado excedente de carne suína no mercado e, por conseqüência, mais pressão baixista sobre os preços. Para completar o quadro desfavorável, o surto do mal de Algesk detectado em Santa Catarina levou a Rússia a suspender grandes contratos de importação de carne suína, o que obrigou os frigoríficos a direcionarem todo o produto para o mercado interno.

Para Eugênio Arantes, só no início desse semestre a suinocultura começou a respirar mais aliviada, não só pelas cotações mais realistas do milho, mas sobretudo porque o mercado de suínos foi severamente enxugado, em decorrência do descarte de matrizes. “Nossa preocupação agora é esclarecer o produtor sobre esse equilíbrio entre a oferta e a procura”, diz o presidente da AGS.