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Mercado Interno

Processadores devem inovar em alimentos prontos e naturais, diz pesquisadora do CTC

Inovações em alimentos processados feitas anos ou décadas atrás na América do Norte, Europa e Oceania são agora as rotas que os processadores de carne podem seguir no Brasil

Existem grandes oportunidades aos processadores de carnes no Brasil para ganhar espaço no mercado nos próximos anos, por meio do desenvolvimento de novos produtos que atendam à crescente demanda por alimentos prontos que também sejam o mais “natural” possível, disse Ana Lucia da Silva Corrêa Lemos, pesquisadora científica do Centro de Tecnologia de Carnes (CTC) do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), em entrevista à CarneTec.

“Esta nova geração de consumidores está buscando alimentos que sejam mais saudáveis e frescos. A nutrição é mais importante e a marca menos importante do que no passado”, disse Ana Lucia, durante a feira International FoodTec Brasil 2014, em Curitiba (5-7 de agosto), onde o ITAL promoveu um seminário.

“Os processadores de carne do Brasil terão de reconhecer essas novas demandas em seu desenvolvimento de produtos, e esclarecer ao consumidor, de maneira diferenciada e inovadora, os fatos e benefícios para a saúde da proteína que estão oferecendo.”

Em sua apresentação, “Brasil Meat Trends 2020”, a pesquisadora explorou as expectativas que os consumidores do futuro têm demonstrado sobre a proteína animal, com base em estudos de pesquisa de mercado nos últimos anos.

Os destaques dessas expectativas incluem a “conveniência” como fator a ser melhor observado no Brasil, priorizando a facilidade no preparo dos alimentos, itens de micro-ondas e produtos pré-temperados conquistando respostas positivas. Além disso, o marketing “natural” para carnes com menos gordura, sem aditivos e conservantes, bem como embalagens ecológicas, estão rapidamente se tornando prioridades, disse ela.

Essas áreas de conveniência, saúde e ética ambiental deverão receber crescente foco no desenvolvimento de novos produtos, mas cada uma tem seus desafios, disse Ana Lucia. A redução de sal e gordura, por exemplo, deve ser antecipada com soluções para resolver a textura, sabor e vida de prateleira.

Inovações em alimentos processados feitas anos ou décadas atrás na América do Norte, Europa e Oceania são agora as rotas que os processadores de carne podem seguir no Brasil, com o crescimento da classe média e as novas demandas pelos brasileiros das gerações Y e Z (nascidos nas três últimas décadas), disse ela.

Sopas gourmet com carne que são enlatadas nos Estados Unidos, refeições congeladas da Europa que tomem medidas abrangentes para merecer a palavra “natural”, kits de multi-itens para fazer pizza, tacos, quesadillas e mais, foram alguns exemplos citados.

“Além de alguns exemplos de empresas, eu sinto que há uma verdadeira falta de criatividade no Brasil, em termos de pequenos processadores que optam por diferenciar-se nas carnes processadas e área de alimentos, contra grandes players como a BRF e JBS”, disse a especialista.

“Não é o lugar para a Sadia fazer uma presunto de maior qualidade sem conservantes, isso não é realmente o seu papel. O que nós precisamos é de inovação empresarial entre os pequenos processadores aqui, que não só vão inovar um produto, mas seguirão os exemplos internacionais de sucesso em embalagens e táticas de marketing.”