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Produção de carne de frango cai em setembro

Vendas para Oriente Médio e abate antecipado explicam queda.

Redação AI 29/10/2002 – No mesmo mês em que as exportações brasileiras de carne de frango bateram recorde histórico – 245 mil toneladas – , o volume produzido no país caiu em relação a agosto, conforme projeção da Associação Brasileira de Pintos de Corte (Apinco). A estimativa é de que a produção total de carne de frango tenha atingido 601,1 mil toneladas, 6% a menos que em agosto. A redução ocorreu apesar de o número de pintos alojados ter sido semelhante nos dois casos. Em julho, foram alojados 331,8 milhões de cabeças em 31 dias. Em agosto, foram 327,7 milhões em 30 dias.

O próprio crescimento nas exportações pode explicar a redução do volume produzido, segundo o secretário-executivo da Apinco, José Carlos Godoy. É que houve um forte aumento nas vendas de frango inteiro para o Oriente Médio (ver gráfico), região que compra aves de menor peso que as produzidas para o mercado interno. Enquanto um frango produzido para o Oriente Médio pesa de 900 gramas a 1,2 quilo, o destinado ao mercado interno pesa cerca de 2,2 quilos, conforme fontes das indústrias.

Dessa forma, o mesmo número de aves resultou numa menor tonelagem, completa Clóvis Púperi, da União Brasileira de Avicultura (UBA). Ele acrescenta que o dólar valorizado foi o maior estímulo para o avanço das vendas também para o Oriente Médio.

Um exporta para a região, lembra, no entanto, que a Europa ficou sem vender para o Oriente Médio por 40 dias devido a suspeitas de contaminação do frango com resíduo de antibióticos. Precisando repor estoques, o Oriente Médio teve que comprar mais do Brasil.

Com a menor produção e o aumento das vendas externas, a disponibilidade interna de carne de frango também diminuiu em setembro. Em agosto, a exportação somara 140,4 mil toneladas numa produção de 640 mil toneladas. Assim, a disponibilidade interna ficou em 500 mil toneladas. Já em setembro, caiu para 356 mil toneladas, segundo cálculos da Apinco.

Outro motivo para o menor volume em setembro é a antecipação dos abates numa tentativa de reduzir custos, devido à alta dos preços do milho, avalia Godoy, da Apinco. Outra fonte do setor confirma que empresas que trabalham apenas no mercado interno e enfrentam dificuldades para pagar os fornecedores estão abatendo antes da hora. Normalmente, um frango é abatido com 45 dias. Algumas empresas estariam abatendo aos 30 dias.

Mesmo com a menor disponibilidade interna de frango, as cotações não reagiram de forma significativa entre agosto e setembro. Conforme apurou a Jox, no dia 28 de agosto, o quilo do frango resfriado estava em R$ 1,53 no médio atacado paulista. Chegou a R$ 1,58 no dia 27 de setembro e fechou ontem a R$ 1,68. Para Salvador Ortega, do Flamboiã, o mercado interno ainda patina por conta do baixo poder de compra da população.

Na avaliação de Oto Xavier, da Jox, mais do que uma questão de oferta e demanda, o reajuste visto nos preços foi uma tentativa dos frigoríficos de repassar a alta dos custos de produção.