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Mercado Interno

Produtores de suínos de SC temem preço alto do milho em 2014

Até outubro, o Brasil exportou 19,6 milhões de toneladas, ante 13 milhões de toneladas embarcadas durante todo o ano passado.

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“Vemos com preocupação essas notícias de maior volume exportado, porque a tendência sempre é depois o mercado interno pagar o preço da exportação”, afirmou o presidente da Associação Catarinense de Criadores Suínos (ACCS), Losivânio de Lorenzi. Enquanto as traders e os produtores de milho comemoram os recordes de exportação, que até outubro já superaram todo o volume embarcado no ano passado, os suinocultores ficam mais cautelosos. Até outubro, o Brasil exportou 19,6 milhões de toneladas, ante 13 milhões de toneladas embarcadas durante todo o ano passado.

Lorenzi disse que não acredita numa escassez no mercado interno, mas na sustentação dos preços em nível mais elevado.

Além disso, Lorenzi disse que “o que preocupa mais para o próximo ano é que a produção do milho vai ser menor”. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que o Brasil produza na atual safra (2013/2014) cerca de 79 milhões de toneladas. Na safra de verão, devem ser colhidos 33 milhões de toneladas, uma queda que pode chegar a 7%.

Apenas no Paraná, a área plantada na primeira safra recuou 22%, o que deve resultar em uma queda de volume na mesma proporção. Concentrados na Região Sul do País, os suinocultores têm o Paraná como o principal fornecedor de milho.

Segundo Lorenzi, a perspectiva para 2014 é ruim porque em 2013, mesmo com uma safra recorde de 81 milhões de toneladas, os suinocultores catarinenses continuaram pagando caro pelo cereal. “Historicamente foi o pior ano” para o produtor comprar milho no mercado interno, assegurou. Atualmente o produtor local está pagando R$ 29 pela saca. Ao longo do ano, o preço o estado variou entre R$ 26 a R$ 31.

Em compensação, os preços dos suínos produzidos em SC já se valorizaram 9% ao longo do ano e estão sendo negociados a R$ 3,28, o que compensou o preço pago no cereal.

Para garantir as margens, muitos produtores catarinenses têm dado preferência para importar milho do Paraguai através de cooperativas do que comprar milho do Mato Grosso. Pelas cooperativas, o milho paraguaio entra isento de imposto de importação por R$ 24. Para comprar uma saca produzida em Sorriso, um suinocultor de Chapecó paga até R$ 26. Desse valor, R$ 16 correspondem apenas ao custo do frete.

Neste ano, o governo promoveu apenas um leilão de milho que incluiu compradores do Sul, que ocorreu no último dia 22. Das 800 mil toneladas inicialmente disponibilizadas por leilão de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), foi negociado pouco mais da metade, 402 mil toneladas. Porém, esse volume foi dividido entre compradores de Paraná, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Pará, Piauí, Rondônia e Tocantins, além de Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

“O governo tem que manter estoques nas regiões de consumo para evitar ter superpreço do milho”, defendeu Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil, associação que reúne produtores de soja e milho do País.

Distorção – Enquanto os suinocultores do Sul temem pagar mais pelo milho no próximo ano, os produtores do grão seguram o cereal em suas fazendas aguardando preços mais remuneradores.

No último mês, o preço do milho reagiu em Mato Grosso e atingiu R$ 12 a saca, mas mais de um quarto da produção (27,4%) continua estocada.

Na segunda-feira, o governo elevou o preço mínimo da saca de 60 quilos do milho em Mato Grosso e Rondônia para de R$ 13,56 para o próximo ano, alta de 4,15% em relação ao valor anterior, de R$ 13,02 a saca. Mas os produtores continuam descontentes. “Não é suficiente. Temos uma demanda de preço superior a isso, deveria ser R$ 14,50”, opinou Glauber Silveira. Ele ressaltou que também é preciso ter uma precificação regionalizada, já que há diferenças entre os custos de produção dentro do próprio estado. “Nas regiões mais distantes, o custo é muito alto, mas o produtor acaba recebendo menos pelo milho”, ressaltou.

Avicultura – O cenário de preços do milho já é menos preocupante para os produtores de frango, que estão mais distribuídos pelo território nacional e, portanto, pagam menos pelo frete do que um produtor de suíno, localizados no Sul. Além disso, os estoques de passagem, concentrados no Centro-Oeste, contam com cerca de 20 milhões de toneladas do grão.

“Nosso setor não está apreensivo com 2014, está mais apreensivo agora com a pouca disponibilidade de farelo de soja, porque o estoque de passagem vai ser baixo, o preço está elevado e a safra só vai ser colhida entre janeiro e fevereiro”, afirma Francisco Turra, presidente da União Brasileira da Avicultura (Ubabef).