Da Redação 03/08/2005 – Os recursos da ordem de R$ 3 bilhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), colocados à disposição dos agricultores mato-grossenses para serem utilizados no pagamento de dívidas referentes a investimentos, serão rejeitados pelos produtores da região Sul do Estado. A decisão foi tomada em reunião realizada em Primavera do Leste com o gerente de Agronegócio da Superintendência do Banco do Brasil em Mato Grosso, Olímpio Vasconcelos.
Os produtores entendem que os recursos não chegarão nas mãos daqueles que realmente precisam. “Além disso, os arrendatários e os pequenos e médios produtores não terão condições de oferecer garantias ao banco para acessar a este dinheiro”, afirmou o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Rogério Salles, acreditando que produtores de outras regiões do Estado irão aderir à decisão tomada em Primavera.
Ele entende os produtores que levaram prejuízo na última safra não terão condições de oferecer novas garantias aos bancos. “Além disso, os grandes fornecedores de insumos também não parecem dispostos a dar a contrapartida de 5% no refinanciamento da dívida”.
Na avaliação do presidente da Aprosoja, os recursos do FAT irão beneficiar somente os grandes produtores, “aqueles que fizeram dívidas acima de R$ 2 milhões”. Para ele, o dinheiro colocado à disposição pelo BB resolve apenas o problema do credor, mas não dá tranquilidade ao produtor de que ele fará um bom plano de safra.
“PRESENTE DE GREGO”
O presidente do Sindicato Rural de Primavera, José Nardes, classificou de “presente de grego” os R$ 3 FAT disponibilizados pelo governo federal para pagamento das dívidas de investimento do produtor rural junto às empresas de agroquímicos. “Não queremos esse dinheiro porque ele não chegará ao produtor que realmente precisa”, afirmou após se reunir com produtores e técnicos do Banco do Brasil.
O gerente Agronegócios do BB, Olímpio Vasconcelos, lembrou que os R$ 3 milhões do FAT estão disponíveis, mas a operacionalização desses recursos tem sido dificultada. “A recomendação é de que o produtor procure as empresas para que elas avalizem e assumam o risco dessa operação”, disse.
Para o presidente do Sindicato Rural de Primavera, o produtor deve evitar esse dinheiro e, ainda, reduzir a área de plantio para evitar quebradeira. “Temos que produzir em uma área menor, mas plantar bem para não termos tantos prejuízos”, pondera Nardes.
Apesar de avaliar como insatisfatório o resultado da reunião com o BB, ele disse que o produtor deve procurar o banco para tentar negociar de alguma maneira a fim de viabilizar o plantio na próxima safra.
O secretário da Associação de Revendas e Distribuidores da Região Sul (Adisul) Fábio Schimidt, que também é produtor, lembrou que o maior problema para que o dinheiro do FAT seja utilizado para pagar as contas é que as revendas não têm limite de crédito. “O banco leva em conta a capacidade de crédito das revendas e não de aval, o que não permite que essas operações se concretizem”, afirmou.