Redação SI 16/02/2004 – 05h35 – Para 86 suinocultores do norte do Estado, o novo ano tem sentido de recomeço. Com os rebanhos atingidos pelo mal de Aujeszky em setembro de 2003, as propriedades saíram do período de vazio sanitário e já recebem animais para iniciar a criação. Agora, serão mais 12 meses até completar o ciclo de produção, que é suportado com ânimo por alguns e levou outros produtores a desistirem da atividade.
A doença fez com que os municípios afetados (Erechim, São Valentim, Aratiba, Ponte Preta e Três Arroios) perdessem o status de exportadores de carne suína. Foram 27 mil animais sacrificados para erradicar a doença. A crise abateu os criadores, que nos últimos cinco meses trabalharam apenas na desinfecção das instalações. Agora, com o término do vazio sanitário, a Secretaria da Agricultura está retirando a ordem de interdição e permitindo o repovoamento das propriedades.
Para recomeçar a atividade os criadores precisam comprar os animais em granjas certificadas. A Cooperativa Tritícola Erechim (Cotrel), que tem 1,6 mil produtores integrados, está entregando até mil matrizes por mês. São cinco granjas certificadas com condições de suprir o repovoamento na região com a garantia de que os rebanhos não serão atacados novamente pela doença.
“Além de garantir que não haverá problemas sanitários, o criador adquire animais de genética superior”, salienta o diretor de Carnes da Cotrel, Luiz Augusto Albertoni.
Quem trabalha com terminação em 90 dias estará enviando os animais para venda. Nas Unidades de Produção de Leitões, no entanto, os criadores ainda enfrentarão um período de 12 meses, desde a cobertura das matrizes até o abate. Isto vai provocar a redução do número de animais.
Conforme Gumercindo Dariva, chefe do Departamento de Produção Animal (DPA) em Erechim, a estimativa é de que ocorra um déficit de 60 mil animais, gerando um prejuízo de R$ 11 milhões para os cinco municípios atingidos. Na indústria, esta redução não terá repercussão, já que a falta de matéria-prima será suprida com animais de outras regiões. Segundo Albertoni, a população animal atingida representa 10% do total de matrizes integradas da Cotrel.
Com poucos recursos, as famílias estão repovoando gradativamente as propriedades. Muitos criadores que têm outras atividades e não dependem totalmente da suinocultura estão reduzindo o plantel ou até desistindo da criação. Quem se profissionalizou na atividade vai insistir no investimento.
Na granja da família Balbinot, em Ponte Preta, 200 matrizes já ocupam as instalações, renovando o ânimo do criador. Conforme Luíza Balbinot, a produção própria de milho vai ajudar a custear a criação neste período. Apesar da dificuldade, a família tem esperanças de que o ano termine sem crises e que o retorno financeiro possa cobrir o prejuízo causado pela doença em 2003.