Da Redação 20/05/2003 – A manutenção da queda dos preços do milho ao longo do ano e que bateu o menor preço – R$ 18,11/saca, ficando abaixo de R$ 19,00 pela primeira vez desde setembro do ano passado, – nas praças paulistas, embora represente algum alívio para as cadeias de avicultura e suinocultura do Estado, é insuficiente para minimizar a superoferta que compromete as margens desses dois setores. A avaliação é do diretor do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA), Nelson Martin.
“O recuo nos preços do milho ajuda, mas não é suficiente para reverter as perdas com o novo sistema de cotas imposto pela Rússia em relação às aves e esse embargo do País aos suínos.”
Além disso, segundo Martin, caso os preços continuem a cair internamente os produtores de milho podem optar pelas exportações. “Com o término da safra da soja e perspectivas de uma safrinha de inverno melhor, todas as atenções se voltam para antecipar a colheita e venda antecipada do milho, o que deve manter os preços baixos internamente. No entanto, muitos deverão exportar o que poderá comprometer os estoques de passagem para a avicultura e suinocultura”, afirma Martin.
Segundo Martin, se o volume de milho exportado ficar em 3 milhões de toneladas, os setores que dependem diretamente do insumo terão um estoque de passagem confortável. “Mas, se isso for ultrapassado como ocorreu em 2001 quando a safra também foi recorde, haverá aperto na oferta interna.” Atualmente, o consumo interno de milho está calculado em torno de 37 milhões de toneladas. A última estimativa divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), prevê uma safra recorde de milho da ordem de 42,8 milhões de toneladas, a maior da história, se vier a se confirmar.
O recuo de 18,72% nos preços do milho na segunda quadrissemana de maio foi um dos destaques entre os 19 produtos agropecuários que compõem o Índice de Preços Recebidos (IPR) pelos agricultores paulistas.
Dos 19 produtos analisados, apenas seis apresentaram crescimento no preço na segunda quadrissemana de maio: algodão, amendoim, arroz, batata, cana-de-açúcar, e leite. Os outros 12 tiveram reduções: banana, café, cebola, laranja, milho, soja, tomate, trigo, aves, boi gordo, ovos e suíno.
Queda dos preços do milho não basta para reverter perdas com as cotas impostas pela Rússia às aves e o embargo aos suínos.