O mundo não está a caminho de cumprir as metas globais de energia para 2030, mas avanços reais podem ser verificados em algumas áreas, particularmente no que diz respeito a expansão do acesso à eletricidade em países menos desenvolvidos e eficiência energética industrial, de acordo com um novo relatório elaborado por cinco agências internacionais, divulgado nesta quarta-feira, 2 de maio.
Embora as tendências globais sejam decepcionantes, experiências nacionais recentes em todo o mundo oferecem sinais encorajadores. Há evidências crescentes de que, com as abordagens e políticas corretas, os países podem ter acesso a energia limpa e melhorar a vida de milhões de pessoas.
Segundo o relatório, há ainda 1 bilhão de pessoas, ou 13% da população mundial, sem acesso à eletricidade. Quase 87% das pessoas sem eletricidade vivem em áreas rurais. A África Subsaariana e a Ásia Central e do Sul continuam a ser as áreas do mundo com os maiores déficits de acesso.
O número de pessoas que obtêm acesso à energia está em aceleração desde 2010, mas precisa aumentar ainda mais para alcançar o acesso universal à eletricidade até 2030. Se as tendências atuais continuarem, estima-se que 674 milhões de pessoas ainda vivam sem eletricidade em 2030.
A partir de 2015, o mundo obteve 17,5% de seu consumo total de energia final a partir de fontes renováveis, dos quais 9,6% representam formas modernas de energia renovável, como energia geotérmica, hidrelétrica, solar e eólica. O restante é o uso tradicional de biomassa (como lenha e carvão vegetal). Com base nas políticas atuais, espera-se que a parcela renovável atinja apenas 21% até 2030, com as renováveis modernas crescendo para 15%, ficando aquém do aumento substancial exigido.
Ainda segundo o relatório, existem evidências crescentes do desacoplamento do crescimento econômico e uso de energia. O Produto Interno Bruto (PIB) global cresceu quase duas vezes mais rápido que o fornecimento de energia primária em 2010 a 2015.
A melhoria na intensidade energética industrial, de 2,7% ao ano desde 2010, foi particularmente encorajadora, já que este é o maior setor consumidor de energia em geral, destacou o relatório. O progresso no setor de transportes foi mais modesto, especialmente para o transporte de cargas, e é um desafio particular para os países de alta renda. Em países de baixa e média renda, a intensidade energética do setor residencial vem aumentando desde 2010.
“É claro que o setor de energia deve estar no centro de qualquer esforço para liderar o mundo em um caminho mais sustentável”, disse o Dr. Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA). “Há uma necessidade urgente de ação em todas as tecnologias, especialmente em energias renováveis e eficiência energética, que são essenciais para atingir três objetivos críticos – acesso à energia, mitigação do clima e menor poluição do ar. A IEA está comprometida em liderar esta agenda e trabalhar com os países em todo o mundo para apoiar as transições de energia limpa“.
Os resultados são baseados em dados oficiais de nível nacional e medem o progresso global até 2015 para energia renovável e eficiência energética, e 2016 para acesso a eletricidade e culinária limpa. Relatório de Progresso da Energia é um esforço conjunto da Agência Internacional de Energia (IEA), da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), da Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD), do Banco Mundial e da Organização Mundial da Saúde (OMS).